Os Biocombustíveis podem ser produzidos a partir de várias fontes renováveis, tais como as oleaginosas, gorduras animais, algas marinas, vísceras de peixes dentre outros.
Dentre as oleaginosas se destacam o pinhão manso, mamona, soja, amendoim, gergelim, dendê e o próprio babaçu. De olho nisso e buscando uma melhor matriz energética que se adéque a realidade do Estado para a produção de energia alternativa, como o biodiesel e o álcool, o professor e pesquisador da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Abraham Zuniga, junto com sua equipe desenvolveu um projeto de pesquisa que pretende extrair o óleo da amêndoa do babaçu e o álcool a partir da farinha de mesocarpo.
Os mesmo que poderão ser utilizados como matéria prima para o biodiesel contribuindo assim para a sustentabilidade ambiental do estado.O projeto já existe há mais de quatro anos e contou com o apoio financeiro da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado e do CNPQ.
A escolha do coco-babaçu veio quando Zuniga percebeu, em uma viagem ao norte do Estado, o potencial dessa palmeira natural que “brota” nos mais diferentes lugares. Considerada a segunda maior do mundo pela produção de 7 milhões de toneladas de óleo ao ano, a floresta brasileira de palmeiras de babaçu é formada por 25 bilhões de árvores e ocupa grandes extensões de terra nos estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins.
Totalizando uma área de cerca de 200 mil km2.O Tocantins é um estado rico em floresta de babaçu na região do Bico do Papagaio na divisa com o estado do Maranhão. Este potencial ainda só é explorado pelas mulheres quebradeiras de coco, que utilizam o produto para fabricar azeite e sabão. Mas com o surgimento do Biocombustível como uma das novas tendências da economia nacional, o babaçu poderá ser melhor utilizado na fabricação do Biodiesel, gerando renda e emprego para o estado.
Resultado
A pesquisa já aponta os seus primeiros resultados. “Obtivemos rendimentos elevados da extração do óleo, com diferentes tipos de solventes; em relação ao etanol, temos que otimizar ainda as variáveis do processo para a obtenção do álcool devido ao baixo rendimento obtido, por não ser uma matéria rica em açúcar, é necessário um tratamento específico”, comenta Zuniga.
Quanto à qualidade do óleo produzido o pesquisador é claro quando fala que os trabalhos demonstraram que o óleo é de boa qualidade, que da para ser trabalhado como biodiesel tanto em sua forma bruta como a refinada. “Foram realizados estudos de reologia do biodiesel de babaçu obtido pela rota metílica e etílica, assim como estudos reológicos das misturas de biodiesel e diesel mineral, mostrando estar dentro dos parâmetros exigidos pele ANP”, garante ele.
Viabilidade
Hoje, no Estado, existem duas usinas de Biodiesel, “para elas estarem aqui instaladas e processando há capacidade e viabilidade técnica para o processamento de grandes quantidades”, afirma Zuniga: “É neste ponto que a Universidade pode contribuir com a pesquisa em escala laboratorial não só do coco babaçu, como de outras culturas, auxiliando as empresas, indicando as matérias-primas de boa qualidade, técnicas mais adequadas para o uso e rendimento destes”, afirmou Zuninga.
Vantagens
De acordo com o Pesquisador as vantagens são grandes em relação ao babaçu. Se comparado à mamona, por exemplo, veremos que a mamona possui resíduos tóxicos e o do coco não, “o subproduto do babaçu, além de não ser tóxico, pode ser utilizado em outras atividades de geração de renda, como a casca para produzir carvão e até mesmo artesanato” afirma o pesquisador.
Outra vantagem, é que a torta obtida após a extração do óleo pode ser utilizada como ração animal ou adubo orgânico. Desta mesma torta, a equipe liderada por Zuniga, desenvolveu uma metodologia para extração das proteínas, com elevado valor biológico, presentes na mesma. Todas estas aplicações visam o aproveitamento integral do babaçu aplicando a filosofia de “resíduo zero” em toda a cadeia produtiva.
Há também a possibilidade de associá-lo a outras culturas de subsistência como a batata-doce e o amendoim gerando renda para agricultores familiares. Sem contar que é uma cultura já existente no Estado de forma abundante, “não teremos que começar uma plantação do zero”, argumenta Zuniga.
Fonte: Assessoria de Imprensa/ UFT