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Saúde

Consultas de rotina ao oftalmologista têm revelado problemas que vão além da saúde ocular. O Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) tem procurado evitar o diagnóstico tardio de problemas que podem ser tratados com sucesso em sua fase inicial por meio da integração de especialistas de áreas diversas da medicina.

Uma das regiões oculares que mais ajudam nesse diagnóstico amplificado é a retina, área onde as imagens captadas pelo olho são formadas. “Por ser bastante vascularizada, esta região ocular permite o acompanhamento e o diagnóstico de doenças tratadas por especialistas da pediatria, neurologia, cardiologia e endocrinologia, entre outros. O exame de fundo de olho é fundamental nesse processo”, explica o especialista em retina do HOB, Sérgio Kniggendorf.

Oncologia

Por possuir muitos vasos sanguíneos, o olho tem uma incidência alta de metástases. “Já tive pacientes que foram diagnosticados com tumores intraoculares que depois foi descoberto que a origem era intracraniana ou um câncer de mama. Não é muito comum, mas também não é extremamente raro. Às vezes os pacientes aparecem se queixando de uma baixa visão e você descobre que se trata de uma metástase de outro local”, alerta o oftalmologista.

Endocrinologia

O órgão mais afetado pelo diabetes, por exemplo, é o olho. Segundo Kniggendorf, esta é a razão por que a comunicação entre o oftalmologista e o endocrinologista é essencial para o sucesso do tratamento do paciente diabético. As informações da situação dos vasos sanguíneos intraoculares, bem como a evolução do estado de visão do paciente diabético são fundamentais para o endocrinologista na mesma proporção que o oftalmologista precisa das informações sobre o controle clínico desse paciente. Kniggendorf explica que o estado visual do paciente diabético é diretamente relacionado ao controle de glicemia e “se o paciente não estiver com a glicemia controlada, ele pode até perder a visão por causa da retinopatia diabética”.

A retinopatia diabética é uma doença progressiva que acomete a retina e pode levar à cegueira quando não tratada. Não tem cura, só controle. É considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a maior causa de cegueira prevenível. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) o paciente diabético tem quase 30 vezes mais chances de desenvolver a cegueira do que um paciente não diabético. Ainda segundo o CBO, cerca de 6,1% dos brasileiros – ou seja, 11,5 milhões de pessoas- são diabéticos e a metade deve desenvolver retinopatia diabética, algo em torno de 5,5 milhões de pessoas.

Cardiologia

Os exames oftalmológicos também permitem um acompanhamento do controle de pressão arterial, verificar oclusões venosas ou arteriais. “O exame de fundo de olho dá muita informação para o cardiologista sobre como estão os vasos sanguíneos, se estão esclerosados, estreitados ou tortuosos. Então se percebe quando o paciente controla ou não a pressão arterial”, conta o oftalmologista.

Outra relação da cardiologia com a oftalmologia reside no tratamento do glaucoma. Para o especialista em glaucoma do HOB, Juscelino de Oliveira, há muita confusão na relação entre pressão arterial e pressão intraocular, relacionada com o desenvolvimento da doença. “Muitos pacientes hipertensos procuram oftalmologistas com medo de desenvolverem o glaucoma. A pressão alta por si só não significa que o paciente está com glaucoma. A doença está relacionada com a pressão intraocular inadequada, causada pela diferença entre o volume do humor aquoso (líquido ocular) produzido e escoado nos olhos. Quando há desequilíbrio entre o que é produzido e o que é escoado, ocorre o glaucoma. Para avaliar risco de desenvolver a doença, o oftalmologista reúne uma série de exames e informações”, explica o especialista.

Hematologia

Por meio do exame de fundo de olho é possível visualizar os vasos sanguíneos diretamente. Assim, obtém-se muita informação e várias doenças hematológicas podem ser diagnosticas e acompanhadas. “A anemia falciforme, por exemplo, que é uma doença que causa a má-formação das hemácias, traz uma série de obstruções vasculares, com isso a periferia da retina apresenta hemorragias ou oclusões vasculares”, observa Kniggendorf.

Neurologia

O especialista em retina do HOB lembra ainda que outra área médica constantemente ligada à oftalmologia é a neurologia. “Como o oftalmologista consegue ter uma visualização direta do nervo óptico, sem precisar fazer uma invasão no organismo, com muita frequência recebemos pacientes com queixa de baixa visão, os quais, na verdade, apresentam problemas neurológicos como tumores intracranianos, AVC, isquemias ou hemorragias que passam despercebidas”, conta.

Pediatria

A oftalmo-pediatra do HOB, Dorotéia Matsuura, explica que os principais problemas oculares detectados em crianças são a ambliopia (olho preguiçoso) e o estrabismo (desalinhamento dos olhos). A especialista ressalta a importância do encaminhamento, pelo pediatra ao oftalmologista, das crianças diante do menor sinal de desalinhamento dos olhos. “A partir dos dois meses de idade, a criança que apresentar o menor sinal de estrabismo já deve ser encaminhada ao oftalmologista. Quanto mais cedo tratar, mais efetivos serão os resultados, uma vez que o olho humano adquire sua forma definitiva aos sete anos de idade”, explica.

Dermatologia

É inusitado, mas há ligação também entre a dermatologia e a oftalmologia. Está relacionada ao controle de medicamentos para acnes (espinhas). Alguns desses medicamentos podem causar ressecamento de todas as mucosas, principalmente do olho. Outra doença de pele que traz sinais nos olhos é o pseudoxantoma elástico (ou Síndrome de Gronblad-Strandberg) que afeta a elasticidade da pele. “A área do pescoço, das axilas e das virilhas torna-se espessa, enrugada, não flexível e frouxa. Surgem então pequenas proeminências duras e amareladas parecidas com pele de galinha. Nos olhos, essa doença pode provocar estrias na retina e levar a lesões na mácula, parte nobre da retina e da estrutura do olho humano”, explica Sérgio Kniggendorf.

Fonte: Assessoria de Imprensa/ HOB