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Campo

O presidente do Incra, Rolf Hackbart, lançou, na tarde desta terça-feira, 21, durante uma coletiva de imprensa, os resultados preliminares da pesquisa inédita sobre a qualidade de vida nos assentamentos da reforma agrária em todo País. "Estes são os primeiros resultados sobre a realidade dos assentamentos brasileiros. Com um índice de confiança de 95%, este certamente é um retrato fiel da realidade atual no meio rural brasileiro", afirmou. A coletiva aconteceu às 14h, na sede da autarquia fundiária, em Brasília (DF).

Intitulada Pesquisa Sobre Qualidade de Vida, Produção e Renda nos Assentamentos do Brasil, o estudo pode ser acessado pelo endereço http://pqra.incra.gov.br/. Com o objetivo de captar informações sobre quem são, como vivem, o que produzem e como produzem, e o que pensam as famílias assentadas da reforma agrária de todo o País, os dados obtidos irão compor um conjunto de indicadores que darão suporte ao planejamento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da reforma agrária nos próximos anos. "A pesquisa oferece um conjunto de dados que sinaliza necessidades e aponta ações bem sucedidas, orientando investimentos e o desenvolvimento das políticas públicas", analisou Hackbart.

Coordenada pelo Incra e com a consultoria de pesquisadores das Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Pelotas (UFPel), a pesquisa foi realizada entre os meses de janeiro e outubro deste ano e abrangeu todas as 804.867 famílias assentadas entre 1985 e 2008, mediante a aplicação de 16.153 entrevistas, distribuídas em 1.164 assentamentos por todo o Brasil. No Tocantins, foram entrevistadas 585 famílias, em 28 assentamentos.

Na coleta dos dados, quatro dimensões da vida dos assentados foram levadas em consideração: características populacionais (quem são?), condições de vida (como vivem?), dados de produção e renda (como fazem?) e a percepção das condições gerais de vida antes e após o assentamento (o que pensam?)

Dentre os dados levantado o que mais surpreendeu, segundo Hackbart, foi o fato haver um grande número de jovens assentados. "A mim esse dado surpreendeu bastante, mais de 44% dos assentados é composta por jovens com menos de 20 anos", destacou. No Tocantins, o índice foi de 40,96%.

Infra-estrutura

O trabalho apontou que 70% das moradias no país possuem mais de cinco cômodos e 76% possuem algum tipo de tratamento de dejetos. No Tocantins, esses números são respectivamente 81% e 52%. Em resposta ao questionário, 79% das famílias informam acesso suficiente à água. No Tocantins, 90% do entrevistados consideram o acesso suficiente.

Cinquenta e sete por cento das famílias informaram descontentamento com a condição das estradas e vias de acesso aos lotes. As famílias mais descontentes estão no Norte (65%) e no Nordeste (64%) onde as condições ambientais são difíceis e as parcerias institucionais com municípios são mais restritas. No Tocantins, 62% consideram as estradas ruins ou péssimas, enquanto 19% boas ou ótimas. Estas obras são prioridades nestas regiões. Entre 2003 e 2010 o Incra construiu ou recuperou mais de 52 mil quilômetros de estradas, sendo 2.822 quilômetros no Tocantins.

Educação e saúde

O nível de alfabetização dos assentados da reforma agrária até o primeiro grau é de 84%. A pesquisa revelou que o principal problema está no ensino médio e superior, com acesso inferior à 10%. No Tocantins, os percentuais são 63% para alfabetização até o primeiro grau e 17% com acesso ao ensino médio e superior.

Com relação a saúde, 56% das famílias estão descontentes com o acesso à hospitais e postos de saúde, confirmando o desafio da universalização da saúde, especialmente no meio rural e nas regiões Norte e Nordeste. No Tocantins, 51% estão descontentes, enquanto apenas 29% dos entrevistados estão contentes.

Melhoria na qualidade de vida

A percepção da melhoria nas condições de vida dentre as famílias assentadas, após o acesso à terra, é marcante. Perguntados sobre a percepção que tinhas das condições de vida de sua família em relação à situação anterior ao assentamento, 73,5% disseram que a situação está melhor em relação a moradia. No Tocantins, o índice foi de 80,01%. Mais de 64% dizem ter melhorado em relação a alimentação, enquanto no estado 74% confirmaram a melhoria. No país, 63,29% afirmaram melhoria em relação a educação, sendo que aqui 57,04% afirmaram que a educação está melhor ou muito melhor. Em relação a renda, 63,09% notaram melhoria no País, enquanto no Tocantins 75,5% confirmaram o aumento da renda. Além disso, 47,28% dos entrevistados em todo o país afirmam que a situação melhorou no que diz respeito a saúde. No Tocantins, 49,56% disseram que a situação melhorou.

Fonte: Assessoria de Imprensa Incra