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Estado

Foto: Divulgação

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A maioria dos especialistas consultados sobre o acidente aéreo que matou 6 pessoas, entre elas o neto do governador Siqueira Campos (PSDB), Gabriel Marques Siqueira Campos, concorda em um ponto: ainda é cedo para chegar a alguma conclusão sobre as causas que derrubaram o King Air B-200.

No entanto, algumas informações já podem ser levantadas para tentar elucidar o acidente da última sexta-feira e que chocou o Tocantins.

Falha de instrumento no avião

Um dos problemas que podem ser levantados é a defasagem na aparelhagem da aeronave, de fabricação americana. O modelo pilotado pelo comandante Bruno Oliveira Pessoa foi fabricado em 1981 e ainda não havia passado pelas atualizações dispostas pelo fabricante, a partir da década de 1990, conforme explicou ao Conexão Tocantinso comandante Alberto Reis.

O avião que se chocou contra o Morro do Cristo, em Senador Canedo, próximo ao aeroporto de Goiânia, foi usado pelo governador durante a campanha eleitoral, em 2010, sendo Reis, seu comandante.

Segundo Alberto Reis, o avião possuía a aparelhagem necessária para realizar a navegação por instrumentos. Aparelhos como radares e altímetros auxiliam o piloto neste tipo de vôo. “Não eram os mais modernos, por que nem o painel comportava esses equipamentos, mas o avião podia voar por instrumento”, completou.

Contudo, segundo explicações do comandante Alberto, faz parte do procedimento de aproximação de pista e pouso da aeronave o desligamento dos instrumentos de navegação e a utilização do vôo apenas por contato visual do piloto.

Falha de equipamento dos aeroportos

Neste momento de preparação para o pouso no aeroporto de Goiânia, as informações sobre a aproximação com a pista e, sobretudo, com o Morro do Cristo, vêm do aeroporto de Anápolis, pois o da capital de Goiás não possui o equipamento necessário para alertar o piloto que vem “por de trás” do morro.

“Se em Goiânia tivesse o equipamento que tem em Brasília para alertar sobre o morro, seria melhor”, completou o comandante Alberto.

No entanto ainda é incerto o que possa ter acontecido com a informação de Anápolis sobre a aproximação com o morro próximo ao aeroporto de Goiânia.

O avião modelo King Air B-200 a partir da década de 90 passou por algumas atualizações entre as quais a incorporação de instrumentos de navegação modernos como o TCAS cujo objetivo é evitar colisões entre aviões no ar e EGPWS sistema de alarme de proximidade dos obstáculos terrestres. O modelo que se acidentou não possuia estes instrumentos.

Falha humana aliada ao mau-tempo

A informação mais concreta até o presente momento é que chovia no local durante a aproximação do King Air em Senador Canedo.

Segundo informações, por causa da forte chuva que caía no momento do acidente, a visibilidade do piloto ficou comprometida, dependendo ele das informações vindas do aeroporto de Anápolis. Não se sabe o que ocorreu, se a torre informou ao piloto, se ele realmente foi alertado de que o avião se aproximava do morro. “Ele achou que tinha passado (pelo morro do Cristo), mas não passou”, completou o comandante Alberto Reis.

Ao que parece, as investigações sobre as causas da queda do avião com o neto de Siqueira Campos ainda devem demorar para descobrir o que realmente ocorreu. Ainda mais por que aviões de pequeno porte como o King Air B-200, não possuem o equipamento de gravação de vôo, conhecido como “caixa-preta”, encontrado somente em aviões a jato.

Segundo informações do major Raul Moreira Neto, do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), este tipo de investigação leva até trinta dias para expedir um relatório parcial, e até um ano para a elaboração do relatório final com as causas do acidente.

O que já se pode adiantar é que o acidente pode ter sido causado por um conjunto da fatores que envolveram desde a parte técnica da aeronave e dos aeroportos, até uma falha humana causada pelo mau tempo.