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Meio Ambiente

O desmatamento na Amazônia deve reverter sua tendência de queda em 2011. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgados nessa terça-feira, 2 de agosto, mostram que o acumulado do ano até agora atingiu 2.429 quilômetros quadrados, contra 2.295 quilômetros quadrados no ano passado. E isto ainda faltando um mês para o encerramento da série anual.

Ou seja, mesmo que em julho não caia uma só árvore na Amazônia, o crescimento da taxa entre agosto de 2010 e julho de 2011 terá sido de 6% se comparado ao igual período do biênio 2009/2010 (o desmatamento é medido sempre de agosto a julho do ano seguinte).

É uma margem pequena, praticamente empate técnico. A possibilidade de desmatamento zero em julho, porém, é remota, já que o mês de seca (o chamado "verão" amazônico) costuma ser o pico da devastação.

Em junho, os dados do sistema Deter (que vê o desmatamento em tempo real, mas com menos precisão) indicam um desmatamento de 312,69 quilômetros. É um aumento de 28% em relação ao mesmo mês do ano passado, e de 16% em relação a maio deste ano.

Em 2010, a Amazônia registrou o menor desmatamento já medido desde que o Inpe começou a série histórica com satélites, em 1988: foram 6.451 quilômetros quadrados medidos pelo Prodes, o sistema que dá a taxa oficial.

O Deter é mais rápido que o Prodes, porém é "míope": não detecta pequenas áreas desmatadas, portanto, o governo evita usá-lo para cálculo de área. No entanto, o comportamento da série do Deter permite estimar a tendência da devastação.

Marco

A série de dados do Deter indica que a reversão da tendência de queda do desmatamento começou em março. Em abril, quando o debate sobre o Código Florestal começou a pegar fogo no Congresso, a devastação medida pelo Deter cresceu 835%, o que levou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a convocar uma espécie de "gabinete de crise".

Segundo o governo, expectativas do setor produtivo em relação à anistia a desmatadores prevista no projeto então em discussão na Câmara dos Deputados, somados ao mercado de commodities agrícolas aquecido e a uma lei de zoneamento complacente em Mato Grosso, foram culpados pela escalada.

O Ibama suspendeu todas as suas operações de fiscalização no restante do Brasil e deslocou mais de 500 agentes para reforçar a fiscalização na Amazônia.

Mas ações do próprio governo também estão se mostrando corresponsáveis pelo aumento no desmate.

Entre os municípios mais desmatados em junho estão Porto Velho (RO) e Altamira (PA), o que provavelmente reflete impactos das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, e Belo Monte, no rio Xingu. (Fonte: Agência de Notícias Jornal Floripa)