Em Pedro Afonso, a Fazenda Brejinho se tornou modelo para todo o Tocantins por integrar lavoura, pecuária e silvicultura. São mais de dois mil hectares de área em duas fazendas, que foram passadas de pai para filhos. Inicialmente os produtores cultivavam soja, mas com o passar do tempo sentiram necessidade de diversificar e criar mais uma possibilidade de renda.
O produtor João Damasceno de Sá Filho explica que a monocultura começou a trazer problemas de pragas, doenças e erosão na propriedade. “A gente já vinha sofrendo em ter uma só atividade e estar sujeito a alterações de preço e de clima. Tinha ano que a receita era zero praticamente, tinha prejuízo na lavoura, e tinha que pegar adiantamento, pagar juros. Começamos a buscar uma alternativa para resolver o problema”, explica o produtor.
Nessa hora crítica, as dificuldades quase desanimaram os produtores. A solução para resolver a questão exigiu coragem e determinação. Eles começaram a trabalhar com a bovinocultura também. “Com a chegada da integração lavoura/pecuária, este tipo de tecnologia nos permitiu entrar na pecuária e ao mesmo tempo diminuir um problema, as pragas e doenças. A gente começou a fazer rotação de cultura e utilizar a área para alimentar o gado”, comenta João Damasceno.
Antes o rebanho de pouco mais de quinhentos animais, hoje chega a mil e duzentas cabeças. Apesar da boa rentabilidade com a lavoura e a pecuária, os produtores buscaram mais. “As receitas sazonais dão problema de fluxo de caixa, tem época que não tme de onde tirar dinheiro. Surgiu a idéia de plantar o eucalipto, mas a árvore só tem dois cortes. E então ficamos sabendo da seringueira que só não produz em dois meses do ano e tem uma vida muito longa, me média 40 anos”, disse o produtor.
Duas áreas foram preparadas para o cultivo e as mudas importadas de Goiás. Ao todo, sessenta hectares já foram ocupados, mas a ideia é chegar aos trezentos. Para isso, a fazenda resolveu produzir suas próprias mudas. Investimento na seringueira, que está em alta. “Se a demanda continuar crescendo como está, em 2020 teremos um apagão da borracha. Por isso, resolvemos aumentar a área de seringueira e investimos no viveiro de mudas. É uma atividade muito rentável se comparada com outras culturas, como soja e pecuária”, explicou Damasceno.
Apesar do futuro promissor, a seringueira demora sete anos para começar a produzir o látex, mas os produtores já encontraram uma forma de ganhar dinheiro até lá. Eles irão aumentar o espaçamento entre as árvores e plantar soja para ter mais uma renda.
Lavoura, pecuária e silvicultura intercaladas e integradas aproveitam todos os recursos da natureza e ainda conservam o meio ambiente. As vantagens desse sistema são inúmeras. O secretário executivo da Seagro-Secretaria Estadual da Agricultura, da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário, Ruiter Pádua, adianta que a principal vantagem é a recuperação da pastagem, que na grande maioria está degrada no Tocantins. “Aliado a isto, o produtor terá várias rendas, facilitando a administração do negócio”, informou.
Em Pedro Afonso, a Coapa - Cooperativa Agroindustrial do Tocantins tenta incentivar outros produtores rurais a integrar as culturas também, mas os gestores se queixam de falta de incentivos financeiros. A queixa é rebatida pelos gestores. O dinheiro está disponível aguardando pelos produtores. “O Governo lançou no ano passado o programa ABC, que fornece recursos ao produtor a juros bastante subsidiados para que ele possa recuperar a sua pastagem, fazer sua integração lavoura/pecuária. Este recurso está disponível no Banco do Brasil e no Banco da Amazônia”, garantiu Ruiter Padua. (Ascom Seagro)