Após obter aprovação do Funbio – Fundo Brasileiro para a Biodiversidade para receber apoio financeiro de execução, o Naturatins - Instituto Natureza do Tocantins, o Instituto Araguaia e a Associação Onça D’água, promoveram na tarde da última quarta-feira, 28, o lançamento do projeto “Proteção, Uso Público e Monitoramento do Parque Estadual do Cantão”. Na ocasião também firmaram o Termo de Cooperação para sua implementação. O evento ocorreu no auditório da sede do órgão ambiental, em Palmas.
O projeto foi contemplado com repasse financeiro do Funbio no valor de R$ 327.880,00, sendo o valor de contrapartida totalizado em R$ 283.698,00. O processo seletivo ocorreu entre os meses de outubro a novembro do ano passado.
Em pronunciamento o vice-presidente do órgão, Rômulo Mascarenhas, destacou o comprometimento de todos os envolvidos no projeto. “Essa conquista não seria possível sem a dedicação de cada técnico empenhado em todo o processo de desenvolvimento do projeto”, frisou.
Na ocasião a bióloga do Instituto Araguaia, Silvana Campello, apresentou os detalhamentos para execução do projeto, destacando alguns dos seus propósitos. “O projeto visa apoiar a implementação do Plano de Manejo do Parque Estadual do Cantão - PEC, favorecendo o ecoturismo aliado à conservação dos seus recursos naturais e o envolvimento com a comunidade do entorno do parque”, explicou.
Ainda de acordo com Campello o projeto, previsto para ser realizado em 36 meses, propiciará o benefício de gerar renda à comunidade, que será preparada para participar ativamente do turismo na região. No que se refere ao cantão, esse será beneficiado com ações que busquem alternativas para seu desenvolvimento, proteção, conservação e incentivo ao ecoturismo sustentável. “Para o parque que tem relevância em nível mundial, por preservar espécies em risco de extinção como a ariranha, o projeto irá favorecer o turismo ordenado, de forma a aliar os visitantes a esse processo de conservação ambiental”, destacou.
Vale destacar que no período de 2 a 3 de abril será realizada em Brasília, uma oficina para articulação, integração e treinamento do sistema Funbio entre os técnicos do Naturatins, do Instituto Araguaia e Associação Onça D’água.
Sobre o projeto
De acordo com a Angélica Gonçalves, diretora executiva da Associação Onça D’água e responsável pelo projeto, voltado para a preservação e proteção do Parque Estadual do Cantão, será desenvolvido inicialmente por meio de oficinas entre as instituições parceiras para definição de normas de uso e procedimentos de monitoramento específico para cada atrativo. No segundo momento será produzido um material explicativo e interpretativo com vídeos e painéis para o Centro de Visitantes do Parque Estadual do Cantão. Além disso, entre outras ações, serão realizadas oficinas que instruirão os membros da comunidade local a trabalharem com os visitantes.
O parque e sua biodiversidade
O Parque Estadual do Cantão é considerado uma das áreas protegidas mais importantes da Amazônia brasileira. Sua riqueza biológica deve-se ao fato de que o Cantão, formado como um delta pelos rios Araguaia, Javaés e do Côco, apresenta mais de 800 lagos e um ecótono entre o Cerrado e Floresta Amazônica.
De acordo com estudos realizados, o PEC detém cerca de 44 espécies de mamíferos, 316 de aves, 22 de répteis, 17 de anfíbios, 56 espécies de peixes e 134 espécies de plantas vasculares. Outras 53 espécies de aves e 6 de mamíferos foram registradas no entorno do PEC, porém não exatamente em seu interior.
As populações de espécies ameaçadas de extinção como a onça-pintada (Panthera onca), a ariranha (Pteronura brasiliensis), o jacu-de-barriga-castanha (Penelope ochrogaster) e o pirarucu (Arapaima gigas), fazem-no especialmente valoroso para a biodiversidade.
Sobre as Instituições
O Instituto Araguaia mantém desde 2003 uma base de proteção e pesquisa no Furo do Cicica, onde desenvolve um trabalho de monitoramento de ariranhas e colabora com o Naturatins para o controle do acesso ao interior do PEC por esse caminho, mantendo um vigilante no local.
A Associação Onça D’água é uma entidade sem fins lucrativos que atua com apoio à implementação de unidades de conservação no Tocantins, também desde 2003. Na região doJalapão, foi responsável pela execução do projeto “Alternativas Econômicas Sustentáveis e Estímulo à Conservação da Biodiversidade”, no período de 2007/2008, abrangendo os municípios de Mateiros e São Félix do Tocantins, em parceria com a organização não governamental Conservação Internacional do Brasil – CI, promovendo ações de monitoramento, prevenção e combate a incêndios florestais e capacitação dos gestores municipais para implantação e aplicação do ICMS Ecológico.
O Fundo Brasileiro para a Biodiversidade - Funbio é uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha para conservar a diversidade biológica do País há 15 anos. Foi criada em 1996, com uma doação de US$ 20 milhões do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (em inglês Global Environment Facility - GEF) para complementar as ações governamentais, em consonância com a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), de âmbito mundial, e o Programa Nacional da Diversidade Biológica (Pronabio). (Com informações do Funbio).