A realidade de muitas famílias, empresários e profissionais autônomos que acreditaram no desenvolvimento do turismo no Tocantins é, hoje, um quadro preenchido por atitudes otimistas, ideias inovadoras e muita confiança nos projetos futuros. O olhar inicial para as belezas paradisíacas dos lugares escolhidos foi o primeiro passo que estes aventureiros transformaram em realidade em pouco tempo de atuação no estado. Iniciativas de empreendedorismo que pretendem explorar e capitalizar o receptivo turístico, observando sempre os novos conceitos do setor, num desdobramento de intenções que somente ampliam o projeto piloto.
A base destes empreendimentos é a gestão focada nas boas práticas na manipulação de alimentos e bebidas e nos meios de hospedagem, privilegiando a qualidade na prestação dos serviços turísticos, um diferencial para a comercialização do produto. Considerando também como fator primordial a qualificação da mão de obra, condição que determina a presença ou não de visitantes.
Um empresário que soube identificar novas perspectivas com sustentabilidade econômica é o mineiro Mauro Lemes, que em 2010 inaugurou a “Pousada Santa Helena” em Mateiros, no Jalapão. O equipamento hoteleiro tem 18 apartamentos com tv, telefone, internet, piscina e, como elemento inovador, Lemes construiu um centro de reuniões amplo para eventos e convenções, o único na cidade a oferecer este conjunto de facilidades. E adianta que, até 2014, vai disponibilizar mais 30 unidades de hospedagem na pousada, “estruturando-se para o fluxo turístico que a Copa do Mundo vai trazer ao Jalapão”, diz. Seu Mauro investiu em torno de 800 mil na etapa atual. Mateiros tem 238 leitos entre os hotéis urbanos.
Já estabelecido como pecuarista no município de Novo Acordo, o empresário decidiu descentralizar os negócios, e está transformando a Fazenda Santa Helena em um hotel-fazenda, onde oferece quatro apartamentos e produtos derivados do leite para comercialização.
Novas oportunidades
A “Fazenda Progresso”, do senhor Antonio de Paula, é um agradável recanto às margens do rio Novo, no Jalapão. Paisagens, trilhas e praias virgens, além de um banho relaxante no rio, e mais a comidinha caseira de sua esposa, atraem bastante visitantes para o camping. Ele declara-se “animado” com o fluxo crescente de turistas da Bahia, Sergipe, Distrito Federal, Rio e São Paulo e do Tocantins. A hospedagem em cabanas cobertas com palha de buriti, forradas e mobiliadas com camas, mesas e ainda banheiros ecologicamente corretos, custa 70 reais a diária, com refeições, redário e espaço para churrascos. O local é servido por energia solar. O empreendimento cresceu após seu Antonio arrendar áreas da fazenda para gravações de TV durante alguns meses, levantando recursos para incrementar o negócio.
Mateiros é uma das maiores cidades do Jalapão, a 290 km de Palmas, e desencantou recentemente, já oferecendo uma infraestrutura minimamente confortável em equipamentos hoteleiros e no setor de serviços. O camping e restaurante “Beira da Mata”, do senhor Emivaldo Rufo, o “Fei Véi”, é o resultado do trabalho por três meses como “Omeleteman”(especialista em omeletes), durante o seriado Survivor-TO em 2008. Montou seu negócio priorizando a gastronomia jalapoeira - faz questão de frisar- na chácara Bom Sossego, nas redondezas da cidade, reunindo a família no atendimento aos turistas. Segundo Pablo Evangelista Rufo, filho e chef de cozinha, foram aplicados 20 mil reais iniciais, que estão se multiplicando e sendo reaplicados nas melhorias.
A parceria com agências de viagens de Palmas “é boa prá mim e prá eles”, enfatiza o comerciante Rufo, girando em torno de 80 visitantes mensais, e em feriados e férias chegando a 300 consumidores. Como atração à parte agregou um pequeno museu onde exibe adereços, utensílios e vestimentas do seriado. Otimistas, pai e filho querem construir mais um restaurante na cidade e, futuramente, uma pousada. Para eles, a estrada de acesso ao Jalapão tem que ser feita para corresponder ao interesse dos empresários na região turística.
Direto do Espírito Santo
“Quando estive pela primeira vez no Estado do Tocantins em 2005, conheci verdadeiros paraísos e o que mais me encantou foi o Parque Estadual do Cantão”. Palavras de Leonardo Azevedo, turismólogo, hoje dono da CC Trekking Adventure, empresa especializada em ecoturismo, com sede em Caseara, às margens do rio Araguaia. A prioridade é continuar com a agência ali “para fortalecer e consolidar o destino no mercado nacional e internacional”, afirma, mas quer abrir outros destinos turísticos e já visitou as cavernas da região sudeste, atrativos espeleológicos exóticos e de grande procura, segundo ele.
E confirma: “Estou muito feliz pela atitude e coragem que tive em vir para Caseara. já estou com parceria com empresas nacionais que também acreditam no Tocantins”. Em 2011, recebemos o pessoal do Globo Repórter, em 2012 mídias espontâneas como: Tam nas Nuvens, Câmera Record da TV RECORD, TV Japonesa NHK, revistas de segmentos turísticos e até de cinema, frutos do filme Xingu, que deram muita visibilidade aos roteiros do Tocantins
“O turismo é um importante vetor da economia brasileira, e pensando no potencial do Tocantins, temos que resolver um dos entraves do crescimento do setor, o acesso aos atrativos turísticos, para corresponder aos estímulos da iniciativa privada”, diz o presidente da Agência de Desenvolvimento Turístico do Tocantins (Adtur), Omar Hennemann. Conforme adiantou, está sendo viabilizada nova licitação para o término da estrada-parque para o Jalapão, de Novo Acordo a São Félix do Tocantins. E já encontra-se em construção o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável para os polos do Jalapão, Cantão e Palmas, com desdobramento para as regiões do Bico do Papagaio e Serras Gerais, em fase de captação de recursos o valor de 120 milhões de dólares para o ordenamento turístico destes polos.
Geração de renda
Este microcosmo de empresários que acreditaram na força do turismo no estado e aqui se estabeleceram, utilizam a mão de obra de profissionais guias de turismo, motoristas, cozinheiros, garçons, pilotos de barcos, arrumadeiras, recepcionistas. E, indiretamente, estimulam a cadeia econômica ao utilizar produtos de restaurantes, postos de gasolina, farmácias, sorveterias, associações de artesanato e agricultura familiar, supermercados e comércio de confecções, gerando renda para as comunidades envolvidas e fortalecendo as instituições municipais com o pagamento de tributos.