Pesquisador alerta para o crescimento constante das grandes capitais da região amazônica, como por exemplo a cidade de Manaus, onde muitos locais de estudos arqueológicos são alterados por conta da expansão da área urbana.
O arqueólogo Eduardo Góes Neves acredita que esse processo de expansão das grandes cidades pode apagar características da história do local: “Imagino que esse crescimento urbano está levando, sim, à destruição do patrimônio arqueológico”.
O arqueólogo trabalhava em um projeto de construção de um centro de pesquisa e formação de arqueológicos em Iranduba, cidade da periferia de Manaus. Segundo Neves, os ribeirinhos e caboclos que vivem na região poderiam receber instruções e formação de como agir com as cerâmicas e artefatos encontrados na região e pensar até em uma forma de turismo histórico-sustentável. “A ideia não era tirar as coleções de lá”, afirma.
Entretanto, o projeto não foi adiante por falta de auxílio financeiro do governo do Estado e da Petrobrás. “A ideia acabou não indo adiante. O que é uma pena, porque de maneira muito simples isso poderia ser uma coisa voltada para o trabalho dessas populações ribeirinhas”, comenta.
Outro problema relacionado às antiguidades da Amazônia brasileira é a mercantilização da arqueologia, que leva a deficiência no campo profissional. “Todo mundo [da nova geração de arqueólogos] quer abrir a sua empresa e ganhar dinheiro”, diz Eduardo Neves. Com isso, Neves acredita que o patrimônio arqueológico está se tornando uma commodity, e que muitos arqueólogos acabam legitimando esse processo de destruição do patrimônio histórico-cultural brasileiro. Com isso, “o contrabando ilegal está fora do radar”, conclui o arqueólogo.