O Tocantins tem catalogado mais de duas mil diferentes espécies vegetais, sendo 20 raras e 156 ameaçadas de extinção. Os números são de um inventário realizado pelo governo do Estado sobre a biodiversidade da região, que faz parte da Amazônia Legal.
O trabalho conduzido pela diretoria de Zoneamento Ecológico-Econômico da Secretaria de Estado do Planejamento e Modernização da Gestão Pública (Seplan) durou cerca de três anos. O estudo encontrou espécies de distribuição restrita, raras, endêmicas, ameaçadas ou protegidas. Ao todo foram catalogadas 2.734 espécies vegetais, sendo 156 ameaçadas de extinção, 111 restritas, 39 endêmicas e 20 raras.
Segundo o coordenador geral da pesquisa de Mapeamento das Regiões Fitoecológicas e Inventário Florestal, Ricardo Haidar, desse total de espécies, 156 são consideradas ameaçadas, em risco de extinção ou protegidas dentro do estado do Tocantins ou Brasil, conforme dispositivos legais em nível estadual, nacional e internacional. “São 156 espécies que estão dentro da lei de espécies brasileiras do Ministério do Meio Ambiente (MMA), da lista internacional de espécies protegidas, ou que estão dentro da constituição do Tocantins e tem também algumas espécies que estão dentro do Decreto da Política Florestal do Estado”, explica o coordenador.
Também foram registradas 39 espécies endêmicas, o que significa que só são produzidas em um local; e 20 espécies consideradas raras no Brasil, localizadas nas sub-bacias dos rios Coco, Manuel Alves, Araguaia, Palma, Sono, Tocantins, Formoso, Javaés e Araguaia. “Para realizar a identificação foi adotada uma lista de espécies raras do Brasil. Ao longo da pesquisa ainda foram catalogadas 111 espécies de distribuição restrita dentro do Estado, o que quer dizer que precisam de alguma condição/característica ambiental para ocorrer”, esclarece Haidar.
Para preservação destas riquezas naturais, o Inventário orienta que sejam seguidas as diretrizes do Código Florestal Brasileiro. “Para as propriedades rurais situadas na Amazônia Legal, durante o procedimento de Licenciamento Florestal da Propriedade Rural, o órgão ambiental estadual deve requerer 80% das áreas de floresta (cerradão, floresta estacional, floresta ombrófila, ecótono, mata de galeria e mata ciliar) e 35% das áreas de cerrado como parte da reserva legal das propriedades rurais, conforme rege o Código Florestal Brasileiro”, explica o coordenador
Políticas de preservação
O estudo sobre a vegetação do Tocantins subsidiará a formulação de leis, planos e projetos. Segundo o coordenador da Seplan, a pesquisa vai subsidiar o plano de recuperação ambiental, de reserva legal, das leis e decretos ambientais. O estudo também orienta o governo do Tocantins a criar de Unidades de Conservação, nas áreas delimitadas como ‘Prioritárias para Conservação’ com o objetivo de conservar recursos genéticos e paisagísticos existentes no Estado, a exemplo das florestas estacionais da região sudeste e áreas de ecótono (floresta estacional/ombrófila) do norte do Estado.
Todo o material coletado durante o inventário está depositado nos herbários do IBGE e Fundação Universidade do Tocantins (Unitins).