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Saúde

Foto: Divulgação

Mulheres que aprenderam a realizar o parto no dia a dia ou com outras parteiras são respeitadas onde residem e apontadas como referência para a saúde de mulheres e crianças da sua comunidade. Espalhadas por várias localidades, as parteiras tradicionais são de suma importância para o Sistema Único de Saúde (SUS), já que muitas vezes são o elo entre a comunidade e os serviços, contribuído para promoção da saúde.

No Tocantins, as parteiras tradicionais entre indígenas e da zona urbana, já somam 80 e têm visto a realidade mudar através de ações do governo do Estado, por meio do projeto “Situação do Parto Domiciliar no Tocantins: cadastramento, capacitação e inclusão de parteiras tradicionais no Sistema de Saúde”.

Através do projeto, as parteiras vêm participando de encontros de saberes e trocas de experiências, onde recebem informações sobre como melhorar a assistência à mulher e ao recém-nascido, e são beneficiadas com equipamentos médicos e de apoio como balança pediátrica, estetoscópio, toalha, capa de chuva, fraldas, entre outros.

Os equipamentos básicos de assistência imediata ao recém-nascido fazem parte do programa da Rede Cegonha e foram entregues durante o “Encontro de Parteiras Tradicionais: Troca de Saberes e Experiências”, realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

Da aldeia Serra Grande, localizada no município de Itacajá, a parteira indígena Maria Crôrekwyj Krahô conta que seu atendimento melhorou com as orientações e que até já usou o kit no parto de um menino. Acompanhando a gravidez da indígena Tatiane Crôcahác, as duas já estavam a caminho do hospital quando teve que fazer o parto de um bebê que nasceu com 3,5 kg no dia 3 de novembro.

“Ela começou a sentir as dores do parto, com muita dor de cabeça também, e nós decidimos levar ela pro hospital. Só que no caminho as dores ficaram piores eu fiz o parto dentro do carro. Usei a tesourinha para cortar o umbigo, a toalha para enrolar o neném e o álcool para limpar minhas mãos, tudo isso veio no pacote que a gente ganhou”, contou a parteira, que com 58 anos de idade já realizou mais de dez partos apenas na aldeia onde mora. 

Mudança

De acordo com o enfermeiro José Carvalho, que trabalha com o povo krahô e percorre as 28 aldeias que compõem a reserva, nas cidades de Itacajá e Goiatins, a realidade vem mudando na região. “As orientações que elas recebem durante as capacitações, bem como o kit são, sem dúvidas, maravilhosos, principalmente porque contêm as luvas, a fita pra medir e tesoura, que elas usam muito. Ainda tem coisas que são novidades, como o estetoscópio, mas creio que logo elas também estarão usando”, disse.

O projeto

O projeto “Situação do Parto Domiciliar no Tocantins: cadastramento, capacitação e inclusão de parteiras tradicionais no Sistema de Saúde” contempla os municípios de Esperantina, São Miguel, Maurilândia, Campos Lindos, Goiatins, Barra do Ouro, Conceição do Tocantins, Tocantinópolis, Paraná, Formoso do Araguaia, Lagoa do Tocantins, Itacajá, Tocatínia e Lagoa da Confusão.

De acordo com a técnica da Área de Saúde da Mulher da Sesau, Margarida Barbosa, o projeto, além de apoiar o trabalho e assegurar melhoria na assistência à saúde da mulher e da criança, contribuiu para a redução da morbimortalidade materna e perinatal (período após 28 semanas completas de gestação até o fim do sétimo dia completo de vida do bebê). (Ascom Sesau)