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Opinião

Foto: Divulgação

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Descobri que estou ficando velho no momento em que comecei a me incomodar com qualquer barulho: TV, som automotivo, buzina de automóvel, grito de crianças e até o som do apito do vendedor de algodão doce.

Minha mulher me adverte que estou ficando “velho e ranzinza”, sempre que me ouve excomungar os responsáveis pelos ruídos insuportáveis. "Você é quem vai ficar um velho insuportável", me avisa.

Mas esse tipo de estresse não é privilégio exclusivo deste quase ancião. Segundo a Organização Mundial de Saúde, depois da água e do ar, a poluição sonora (constituída de qualquer ruído capaz de produzir incômodo) é o problema ambiental que afeta o maior número de pessoas em todo o mundo.

Desses ruídos – segundo especialistas – podem resultar problemas como distúrbios cardiovasculares e gastrointestinais, dor de cabeça, cansaço, irritabilidade, estresse, distúrbios do sono, diminuição da atenção/concentração, aumento do risco de acidentes de trabalho (pela falta de concentração), redução da potência sexual, distúrbios da comunicação. Eu que o diga!

No meu caso, porém, o ruído que mais me angustia é o das sirenes de viaturas da polícia, bombeiros e ambulâncias. Aliás, nunca consegui diferenciá-los. Levei anos, e muitas sessões de terapia, para descobrir a razão.

Pense, concentre-se no som de sirene me pede a psicóloga S.M. ­– e me conte tudo o que for “vendo”. Deitado no divã tento imaginar, com dificuldade, o ruído insuportável...

Estou em Anápolis, no ano de 1997, ouço som de sirene. Do banco de passageiros de uma ambulância vejo dois jovens, um loiro e um negro, jalecos longos e brancos, tentam ressuscitar... minha mãe, derrame! 

Agora já estamos num hospital, maca, gritos, doentes, médico, pulso, coração: ela faleceu, podem levá-la de volta... O som da sirene nunca mais parou de tocar!

*Rubens Gonçalves é jornalista e radialista