Nascido em São Paulo, porém de família e raízes goianas, o arquiteto e urbanista Walfredo Antunes de Oliveira não esconde a satisfação em ter participado ativamente do processo de criação da Capital mais nova do País. “É uma experiência fantástica para nós que trabalhamos com planejamento urbano começar uma cidade do zero, onde havia somente pastagem e cerrado, e chegar aonde chegamos hoje”, ressalta.
Com mais de 40 anos de carreira, Walfredo relembra o convite feito no ano de 1988 para vir ao recém-criado Estado do Tocantins para, no meio do cerrado, trabalhar na empresa responsável pelo projeto da capital Palmas. “Naquela época tínhamos o escritório Grupo Quatro, que possuía experiência na elaboração de projetos em escala urbana, e eu e o arquiteto Luis Fernando Cruvinel Teixeira (autor do projeto) recebemos o convite do governador Siqueira Campos e de autoridades da época para realizar o projeto de localização de Palmas, que posteriormente foi apresentado ao presidente da República, José Sarney”, reforça.
Com o orgulho de um pai que apresenta o filho bem sucedido, Walfredo mostra a primeira maquete pronta em 20 de maio de 1989, com um protótipo do que viria a se tornar o plano diretor atual. “Aqui já podemos verificar que o projeto previa a área administrativa e o grande eixo que é a Avenida Teotônio Segurado”, enfatiza.
Sobre o projeto original, o urbanista faz questão de diferenciá-lo da Capital Federal, ao qual comumente é associado. “O projeto de Palmas tem princípios opostos ao de Brasília. Aqui temos uma malha quadriculada, com clara integração dos diferentes usos em todos os espaços enquanto a Capital Federal possui um traço mais determinista que não respeita essa noção básica de diversidade”, esclarece.
Walfredo ainda salienta outras diferenças. “Como nosso eixo é muito largo e previa a implantação do transporte urbano que tem sido planejado atualmente, as pessoas costumam relacioná-lo com o eixo monumental de Brasília, mas a ideia de concepção de Palmas, da ocupação das quadras sempre com todos os serviços acoplados difere da ideia de Brasília, que é concebida de forma setorizada, a exemplo do setor de hotéis e indústrias entre outros. O projeto de Palmas é mais flexível”, explica.
Na opinião do urbanista, a execução do que estava previsto possui algumas distorções. “O projeto original foi cumprido em grande parte, porém com alguns descuidos, como a utilização de lotes residenciais voltados para as vias principais sendo utilizados para atividades comerciais, a distribuição de templos religiosos em áreas inapropriadas e até mesmo públicas, o que poderia ter sido objeto de uma programação mais elaborada”, lembra.
Walfredo considera que o projeto urbanístico feito em 1989 atende às necessidades da cidade e ainda ressalta a necessidade de regulamentação de loteamentos que surgem fora da área delimitada do plano diretor. “É preciso que o município atue nessa questão, pois com esses bairros surge a demanda por infraestrutura e equipamentos públicos que devem respeitar uma malha geral”, argumenta.
Ao avaliar os 25 anos da Capital, o urbanista coautor do seu traçado enfatiza que há a necessidade de projetos que reforcem e complementem o traçado original. “Como o projeto de transportes agora, e é o caso de planejamento da paisagem, por exemplo – arborização, tratamento das áreas verdes como necessários – e um planejamento constante e dinâmico seguido de fiscalização contínua, além dos já citados cuidados com o que está acontecendo fora dos limites atuais de urbanização, para que seja mantida a estrutura original, que é democrática e orientadora”, completa. (Da redação com informações Secom Palmas)