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Cultura

Foto: Aldemar Ribeiro

Com o objetivo de fortalecer os costumes e tradições, os indígenas Krahô da Aldeia Manoel Alves Pequeno, em Itacajá, a 295 Km de Palmas, realizam até o próximo sábado, 24, o I Jogos Tradicionais do Povo Krahô e o 1º Encontro de Manifestações Krahô. Participam indígenas de dez das 28 aldeias da região. O evento esportivo e cultural conta com o apoio da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc).

A festa começou na última segunda-feira, 19, com o desfile das agremiações formadas pelas aldeias para apresentar seus atletas e guerreiros. Houve o acendimento de uma fogueira, simbolizando o início das atividades esportivas.

Durante os dias de celebrações esportivas e culturais haverá corrida de tora, minimaratonas, torneios de arco e flecha, e partidas de futebol. “Esse momento é importante porque cultura representa para nós o futuro”, disse Pedro Kengapré Krahô, da Aldeia Cachoerinha, localizada em Goiatins, a 504 Km de Palmas. Ele caprichou na pintura corporal como forma de demonstrar o seu amor pelas tradições herdadas dos seus pais e avós.

Comunidade indígena

Odílio Krahô é cacique da Aldeia Cachoeirinha e enfatizou a beleza do momento e a satisfação de presenciar os Krahô de todas as idades envolvidos na preservação da cultura. Souza Krahô, cacique da Aldeia Pé de Coco, também localizada em Goiatins, falou sobre a importância do encontro. “É uma forma das pessoas se movimentarem, trocar experiências e conhecimentos, por isso é importante a realização dos jogos”, disse.

Euzébio krahô está feliz em representar a Aldeia Água Branca nas competições de arco e flecha. “Passei 16 anos sem praticar o esporte, agora senti motivação e quero apresentar bonito para o meu povo ter orgulho”, frisou.

Marcos Krahô, cacique da Aldeia Água Branca, conta que levou dez pessoas de sua comunidade para participar dos Jogos como forma de mostrar o seu apoio à realização do encontro esportivo e cultural. “É importante participar, estar unidos, juntos nas apresentações culturais e na troca de conhecimentos. Sempre aprendemos mais para passar para o nosso povo. É uma responsabilidade grande ser cacique, por isso temos que estar em ação”.

Função social

“Os eventos estão sendo realizados com a intenção de manter viva as nossas tradições e também como forma de auxiliar os jovens que estão enveredando pelo caminho do alcoolismo, apresentando a eles o esporte e a cultura”, disse o idealizador dos Jogos e do Encontro, o professor e diretor da Escola Estadual Indígena 19 de Abril, Renato Yarré Krahô.

Na programação, além de compartilhar as manifestações culturais com os membros das aldeias visitantes e das competições esportivas, há palestras sobre os perigos do alcoolismo para a saúde e para a preservação da vida, realizadas por profissionais do Centro de Referência e Assistência Social (CRAs) de Itacajá.

Conhecimento intercultural

A busca do conhecimento científico e didático para aplicar na aldeia foi o caminho percorrido por Yarré Krahô e o seu pai, o cacique da aldeia Manoel Alves Pequeno, Dodamin Krahô. Juntos eles cursaram a graduação em Licenciatura Intercultural promovida pela Universidade Federal de Goiás (UFG) para os indígenas residentes no eixo Tocantins e Araguaia, contemplando os povos dos estados do Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Maranhão.

No Tocantins, os povos Krahô têm uma população estimada em três mil pessoas distribuídas em 28 aldeias. Esses indígenas são conhecidos pela realização anual da Feira de Sementes, que nasceu a partir da tradição entre eles de guardar mostras de sementes encontradas ao longo das atividades de trabalho. Os Krahô vivem em um território de 320 mil hectares de cerrado.

Tradição

O urucum e o jenipapo são utilizados para a pintura corporal, mas a tradição mais celebrada é o canto que os anciãos fazem quando querem chamar a atenção dos demais para alguma situação, para fazer algum tipo de convite ou para expressar sentimentos.

A corrida de tora é a riqueza cultural e esportiva mais presente entre os Krahô e representa a força e o vigor das mulheres e homens.  “Estamos trabalhando para vivermos em harmonia com todos os povos, porque tirando as diferenças de línguas, somos iguais e temos as mesmas necessidades. Por isso, todos nós devemos respeitar a cultura dos outros e trabalhar para o desenvolvimento da nação”, finalizou Dodamin Krahô. (Ascom Seduc)