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Campo

Foto: Jodevaldo Pereira

A região do Jalapão, a 200 km de Palmas, é internacionalmente conhecida pelas suas belezas naturais, que encantam a todos que conhecem de perto estas maravilhas ou pelo famoso capim dourado que se tornou uma grande fonte de renda para as famílias da região. Mas o lugar tem outra riqueza que pode se tornar uma alternativa para o desenvolvimento econômico local, a flora, que apresenta grande variedade de flores tropicais favoráveis para a atividade da apicultura.

Gonçalo Patrício Ribeiro, 56 anos, é produtor de mel no povoado do Prata - reconhecido pelo Governo Federal como uma Comunidade Quilombola -, no município de São Félix do Tocantins. Ele desenvolve a apicultura de forma artesanal há mais de cinco anos na propriedade da família. A produção de aproximadamente 20 litros por mês é vendida para os turistas que visitam o povoado e para moradores da comunidade local. A renda ajuda Gonçalo no sustento da esposa e três filhos.

Para aumentar a produção, alguns problemas ainda precisam ser superados. “Uma das nossas maiores dificuldades é adquirir a cera alveolada, que só conseguimos comprar em Palmas ou em Novo Acordo. “Com esse produto a gente consegue melhorar ainda mais a nossa produção. Também precisamos de treinamento sobre novas técnicas de manejo do apiário”, destaca o apicultor.

Com o intuito de atender a estas e outras demandas dos apicultores da região, a Sedecti – Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação com o apoio da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos está realizando o Projeto Jalamel, que pretende fortalecer a cadeia produtiva do mel na região do Jalapão, por meio de treinamentos sobre o manejo correto de apiários, aplicação de novas técnicas de produção e gestão de negócios.  

Sobre a pesquisa

A pesquisa é coordenada pelo doutor em Fitopatologia e professor do IFTO – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia, Artur Ferreira Lima Neto, e conta com participação de uma equipe de 14 pessoas. São pesquisadores, técnicos e estudantes do IFTO, UFT – Universidade Federal do Tocantins, Unitins – Fundação Universidade do Tocantins e Itop – Instituto Tocantinense de Pós – Graduação.

A primeira etapa do projeto foi a realização de um diagnóstico socioeconômico da região, para conhecer as características locais e o perfil dos produtores e das associações de apicultores nas cidades de Mateiros, São Félix, Lizarda, Novo Acordo, Ponte Alta, Lagoa do Tocantins, Rio do Sono e Santa Tereza. O diagnóstico mostra que a apicultura é uma atividade ideal para o Jalapão porque a região tem o solo bastante vulnerável para outras atividades, como o agronegócio, por exemplo, e também porque não degrada o meio ambiente, visto que é uma área de preservação ambiental.

Segundo Lima, a pesquisa tem mostrado um diferencial produtivo na região. “Devido a variedade de espécies, diferente de outros locais, no Jalapão existe florada durante todo o ano, permitindo ao produtor maior capacidade produtiva”. Agora o estudo está na fase de identificação das plantas e flores locais. “Nessa etapa nós estamos identificando as espécies, para saber quais as plantas florescem em cada período do ano. Para que a gente possa ter uma ideia do reflexo disso na qualidade e quantidade de mel produzido”, explica o pesquisador. 

O próximo passo do projeto Jalamel será a oferta de cursos de capacitação para os apicultores com orientações sobre as tecnologias inovadoras, técnicas de manejo de apiários e como trabalhar com associativismo e cooperativismo. Outra ação será a contratação de consultores especializados no setor de apicultura. “A intenção é que através dessa transferência de conhecimentos possamos alavancar a apicultura na região”, conclui o coordenador da pesquisa Artur Ferreira Lima.

Tecnologias Sociais

A Jalamel é um dos subprojetos do Projeto Tecnologias Sociais promovido pela Sedecti em parceria com a Finep. O principal objetivo da ação é contribuir para o fortalecimento das cadeias produtivas de empreendimentos econômicos e solidários nas regiões do Tocantins que apresentam baixo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. 

No Tocantins, além do Jalamel, o Tecnologias Sociais também abrange os subprojetos: Redepeixe, para fortalecer piscicultura nos município do Bico do Papagaio; o Gestleite, que pretende alavancar a cadeia produtiva do leite na região sudeste do Estado; e o Formrede que visa promover a inclusão digital e social da população local.

Com investimento de aproximadamente R$ 2,5 milhões, o Tecnologias Sociais beneficia diretamente a população de 21 municípios do interior do Estado.