A pesquisa que retrata violência contra mulheres, com foco nos jovens, divulgada hoje (3), pelo Instituto Data Popular, alerta para a violência sofrida no espaço virtual, segundo a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman. Os dados mostram que, por exigência do parceiro, 19% dos jovens já tiveram de excluir um amigo de uma rede social e 17% pararam de conversar com um amigo virtualmente.
A pesquisa Violência contra a Mulher: o Jovem Está Ligado? foi encomendada pelo Instituto Avon e ouviu cerca de duas mil pessoas entre 16 e 24 anos nas cinco regiões do país.
“Ainda não falamos do espaço virtual como um espaço reconhecível socialmente, de relacionamentos. Esse tipo de pesquisa nos permite perceber que esse é um espaço onde as relações estão se dando entre os jovens e os mesmos padrões que são dão na realidade se dão também no mundo virtual”, disse Nadine Gasman.
A representante da ONU Mulheres observa ainda que, apesar de reconhecer comportamento machista na sociedade, parte dos jovens reproduz esses valores de acordo com o apresentado na pesquisa. “O que é surpreendente é que você tem quase metade dos jovens aprovando valores do machismo na questão do controle e na possibilidade das mulheres de saírem sós e se vestir. Isso provoca surpresa porque era esperado que essas situações fossem ultrapassadas pelos jovens”, observou.
A pesquisa apontou que 76% dos entrevistados, dos dois sexos, acham incorreto que a mulher tenha vários “ficantes” e 38% concordam que a mulher que tem relações sexuais com vários parceiros “não é para namorar”. Revela ainda que 68% das mulheres disseram já ter levado uma cantada ofensiva e 31% foram assediadas fisicamente em transporte público.
Na enquete entre os homens que vivenciaram a violência doméstica, 64% praticaram algum tipo de agressão a alguma companheira. Dos jovens entrevistados, 43% disseram já ter visto a mãe ser agredida pelo parceiro e 47% afirmaram que interferiram em defesa da mãe. Nadine Asman considera esses dados preocupantes pois estudos demonstram que pessoas que são testemunhas dessa violência são mais propensas a serem agressoras ou agredidas. (EBC)