Há algum tempo vejo engrossar os gritos de alguns comerciantes que vem incansavelmente criticando o tão sonhado e prometido estacionamento rotativo em nossa Capital. Com toda sinceridade não vejo razão para tanto, pois não há como deixar de reconhecer que está muito mais fácil frequentar o comercio localizado nas quadras 104 Sul e Norte.
Contudo, nem tudo são flores pois não há como deixar de reconhecer que existem incoerências ou inconstâncias no modelo utilizado em Palmas, tais como a falta de tempo de tolerância, a ausência de vagas para farmácia sem previsão de pagamento e a impossibilidade de utilizar o tempo restante, atos que se traduzem num esboço do que o Direito tipifica como enriquecimento sem causa ao deixar de devolver ao usuário o tempo restante nem tão pouco permitir que este utilize o tempo restante em outra vaga.
Estas incoerências são o grande empecilho ou gatilho para as críticas ao modelo já utilizado há algumas décadas nos grandes centros urbanos. Assim não podemos querer ser grandes tendo pensamentos tão pequenos e bairristas como os que ecoam por toda a cidade.
Não critico nem reclamo do valor, pois várias não foram as vezes que tive que desembolsar vários R$ 1,00 para entregar a “flanelinhas” ou “guardadores de carros” que utilizavam estes valores para complementar alguma renda ou para engrossar o uso de substancias entorpecentes, ou seja, confesso já financiei o tráfico de entorpecentes e o ócio de algumas pessoas ao pagar o “cafezinho” que diga-se de passagem em alguns pontos chegava a R$ 2,00, pois nem todos queriam as “moedinhas”.
A implantação do sistema rotativo trouxe uma limpeza visual, pois os bolsões estão mais limpos e não se ve mais os famigerados flanelinhas que não mais me atemorizam com suas abordagens, pois nunca se sabe o que virá, diferentemente dos agentes de estacionamentos que confesso, foram muito bem treinados e estão devidamente preparados para atender ao público.
Foram prometidas obras de infraestrutura nos pontos de ônibus, nos de taxi e moto-taxi o que trará conforto aos passageiros e dignidade aos profissionais que terão um lugar climatizado e com sanitários para aguardar seus clientes não precisando se submeter a favores dos lojistas, ou seja, teremos a parte central da cidade revitalizada sem a necessidade de gasto público possibilitando o remanejamento destes recursos para outras destinações como a pavimentação das inúmeras quadras ainda sem pavimentação asfáltica.
Por estas razões me coloco ainda no papel de observador aguardando para ver de fato tudo isto acontecer, até porque se estas obras não forem efetivamente realizadas estaremos diante de um outro grande escândalo que é o de fatiar o centro urbano sem retorno nenhum a sociedade.
Outro ponto que me faz curvar as boas práticas para não dizer pratica inteligente de fidelizar um cliente foi o que ocorreu há alguns dias quando fui pagar a refeição e o dono do restaurante me indagou se havia pago o estacionamento, disse que sim e ele me concedeu R$ 1,00 de desconto na refeição. Veja que empresário inteligente me cativou e fidelizou com R$ 1,00. Será que meu preço está baixo? Não. O que este empresário fez foi me dizer sem palavras que ter vagas disponíveis próximo ao seu restaurante faz com que seus clientes vão lá mais vezes, até porque já deixei de almoçar neste restaurante por falta de vagas.
Assim deixo a reflexão para que os empresários que engrossam o coro contra o rotativo, que deem descontos a seus clientes que apresentarem o ticket de estacionamento fidelizando e dizendo a estes clientes que agora ficou mais fácil frequentarem seus estabelecimentos e que esta pratica coloca nossa Capital dentro da realidade de um grande centro e não de uma cidade que apesar de ser grande ainda possui empresários que a veem como povoado.
*Virgilio Meirelles é advogado, Professor, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, conferencista, palestrante e Autor de vários artigos na área de Direito de Família e Sustentabilidade. vrcmeirelles@gmail.com