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Cultura

Foto: Divulgação

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O Brasil é rico em expressões populares que estão todos os dias na boca das pessoas. Mesmo assim, muitas vezes as dizemos por convenção, sem saber o real significado delas. Você já ouviu que alguém foi usado como “boi de piranha” para livrar outra pessoa de alguma dificuldade? O sentido da frase até pode ser compreendido, já que o tal sujeito foi utilizado como isca, escudo, sacrificando-se e fazendo algo no lugar de outra pessoa. Mas de onde se originou esse termo?

A origem vem do meio rural onde um boi mais velho ou enfermo é usado como escudo da boiada em uma travessia aquática. Para não perder todo um rebanho devido ao ataque de piranhas, o fazendeiro coloca à frente esse boi para ser atacado pelos peixes, enquanto o restante atravessa o rio.

Esse é o tema que a Companhia Boi de Piranha, de Porto Velho (RO), vai trazer para o Teatro Sesc Palmas nesta terça, dia 25, dentro do Projeto Palco Giratório. Nesse caso, os bois de piranha são os mais de 60 mil nordestinos que tiveram sua vida modificada durante a Segunda Guerra Mundial.

Convocados para defender a nação durante a guerra e povoar a Região Norte, essa população foi enviada para a Amazônia para retirar látex dos seringais, matéria-prima da borracha, e enviar para o aliado Estados Unidos, já que o maior detentor do produto na época, o Japão, tinha se tornado inimigo dos americanos.

Com promessas do fim da miséria e da seca nordestina e a chegada de um paraíso verde, fértil e úmido, onde teriam ajuda irrestrita do governo, muitas famílias se estabeleceram na Floresta Amazônica, sofrendo com péssimas condições de trabalho e com a falta de assistência governamental. Estima-se que metade da população migrante tenha morrido desamparada no local. O que era para ser a salvação, acabou se tornando um tormento para os “soldados da borracha”, como eram conhecidos na época.

Dirigido por Francis Madson, o espetáculo da companhia se baseia no contexto histórico citado e outros fatos como a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, mostrando como o povo nordestino precisou se transformar em Super-Homens para garantir a sobrevivência.

A peça começa às 20h no Teatro Sesc Palmas. Os ingressos são vendidos uma hora antes do início, na bilheteria do Teatro, e custam R$ 10 (usuário), R$ 8 (conveniado), R$ 5 (meia/estudante/idoso) e R$ 2,50 (comerciário). O espetáculo integra o Projeto Palco Giratório, rede de difusão e intercâmbio de artes cênicas em todo Brasil.