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Estado

Foto: Divulgação

Mais de 40 famílias devem ser despejadas nesta quinta-feira, 12, no município de Barra do Ouro, região norte do Estado. A ação começou na manhã de hoje e está sendo realizada por ordem judicial do juiz de Goiatins, Luatom Bezerra de Lima.

A desocupação foi realizada com resistência de membros da Comissão Pastoral da Terra – CPT no Tocantins. Em entrevista ao Conexão Tocantins no final da manhã de hoje eles afirmaram que foram presos durante a ação da Polícia. “Dialogamos mais de duas horas com a polícia e o oficial, porém, estamos aqui dentro da van da Polícia Militar sem poder fazer nada”, afirmou o Frei Xavier, um dos líderes.

Na alegação da CPT as áreas da Gleba Tauá pertencem aos posseiros que estão no local, muitos deles há décadas. “Dona Raimunda, uma das que foi despejada está no local há mais de 60 anos”, disse. Uma senhora de 73 anos também foi despejada pelos militares.

Segundo informações, a ação de reintegração de posse foi movida por um empresário catarinense , que seria o proprietário das terras e teria interesse em plantar soja. “Ele já destruiu boa parte de todo o cerrado dessa região, vários posseiros estão sendo infernizados por eles há vários anos” disse. Para a CPT,  a medida é contestável sem nenhuma perícia nem verificação.

“É uma situação bastante lamentável no século XXI no Tocantins. Quero deixar meu lamento público a esse absurdo. Estamos aqui contidos tendo que assistir impotentes de dentro da van da polícia militar”, alegou o Frei.

O Coordenador da CPT, Pedro Antônio também foi preso durante a ação. “Estamos detidos dentro de um carro da polícia”, confirmou ao Conexão Tocantins. Os integrantes presos também fazem parte da Comissão de Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae) no Tocantins.

O Conexão Tocantins ligou para o destacamento de Polícia Militar de Barra do Ouro porém as ligações não foram atendidas.

Comissão de Direitos Humanos

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins acompanhou a ação de reintegração de posse na Gleba Tauá.

Durante a ação foram detidos os agentes da CPT de Araguaína, frei Xavier Plassat, Rafael Oliveira, Evandro Anjos e Pedro Antônio Ribeiro. Antônio Filho, agente da CPT Pará e dois posseiros da gleba Tauá também foram detidos. Eles foram encaminhados para a delegacia de Araguaína.

A reintegração foi suspensa porque um imóvel foi derrubado por tratores, o que estava proibido pela decisão judicial de reintegração de posse.

O membro da Comissão de Direitos Humanos em Araguaína, advogado Leonardo Dias Ferreira, e o membro do Conselho Estadual, advogado Célio Moura, acompanharam a ação, juntamente com os advogados da CPT, para garantir que os direitos dos moradores e dos agentes da CPT fossem assegurados. (Atualizada às 08h do dia 13/11/2015)