O plantio de soja no Tocantins está a todo vapor com mais de 60% da área plantada. E grande parte das sementes utilizadas pelos agricultores foi produzida aqui mesmo no Estado, na região das várzeas, através do sistema de subirrigação, que engloba os municípios de Lagoa da Confusão, Dueré, Pium e Formoso do Araguaia. A semente que é produzida no Estado é utilizada nas lavouras do Tocantins e dos estados de Goiás, Maranhão, Bahia, Pará e Mato Grosso.
Em 2015, no Tocantins, durante o vazio sanitário da soja, - quando só é permitido o cultivo de soja nas Várzeas Tropicais -, foi plantada uma área de 57.552 hectares de soja, com produção de 159.649 toneladas (t), obtendo uma produtividade média de 2.774 kg/ha. O plantio é destinado exclusivamente à pesquisa científica e produção de semente, onde a Ferrugem Asiática é devidamente monitorada e controlada, pela Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins (Adapec).
Produtividade
Um dos proprietários da Fazenda Patizal, do grupo Uniggel Sementes, Fausto Garcia, cultiva a soja para semente nas várzeas há sete anos. “Começamos com 70 mil sacas (4 t), hoje são 450 mil sacas (27 t). Isso porque no sistema de subirrigação a semente possui grande potencial produtivo. “A principal vantagem é que como o plantio acontece em maio, colhemos entre agosto e outubro, perto do plantio da nova safra. Então oferecemos ao agricultor uma semente jovem, com alto índice de vigor e germinação, aumentando a produtividade, que é o objetivo de quem planta”.
O empresário diz ainda que o plantio durante o vazio sanitário também oferece segurança na colheita, o que não ocorre com o plantio nas terras altas, quando muito se perde devido à colheita coincidir com o período das chuvas. “Temos com isso segurança de produção, garantindo o volume, pois atualmente fornecemos sementes para sete estados do Brasil, especialmente Centro-Oeste, Norte e Nordeste”.
O diretor de Políticas para a Agricultura e Agronegócio da Secretária do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro), José Américo Vasconcelos, afirma que o período curto de armazenamento da semente produzida nas várzeas, é um diferencial que favorece o produtor de grão. “O período curto de armazenamento faz com que o desenvolvimento fisiológico e sanitário do material seja diferenciado. Isso faz com que a planta tenha um melhor desempenho, com mais produtividade”.
Estratégico
Atualmente 12 estados adotam o período do vazio sanitário regulamentado, entre eles, o Tocantins possui a maior área contínua plantada e é autorizado o cultivo na região das várzeas, em razão da alta temperatura, baixa umidade relativa do ar, ausência de precipitação, além do sistema por subirrigação.
“Isto nos coloca em um patamar privilegiado de produção no Brasil, mas precisamos continuar mantendo esta excepcionalidade de plantio, preservando a sanidade da produção e consolidando o Estado como local estratégico para produção de sementes de qualidade”, diz o secretário da Agricultura, Clemente Barros.
Ferrugem da Soja
Conhecida também como Ferrugem Asiática é causada pelo fungo (Phakosora Pachyrhizi). A praga dissemina rapidamente entre as plantações, através do vento. Os maiores prejuízos causados é a redução da produtividade, já que causa desfolha precoce nas plantas, impedindo que os grãos de soja se formem completamente.
As principais formas de prevenção é o Manejo Integrado de Pragas (MIP) constante da lavoura, para a identificação da Ferrugem da Soja, a partir do período de germinação da oleaginosa. Isto pode ser feito pelo próprio produtor rural, de preferencia com a utilização de uma lupa que amplie a imagem 20 ou 30 vezes.