O Ministério Público Federal no Tocantins (MPF/TO) encaminhou petição à justiça federal, para que a Caixa Econômica Federal (CEF) não efetue qualquer desembolso financeiro dos recursos destinados à construção do trecho Bus Rapid Transit - BRT Teotônio Segurado, sob pena de multa equivalente ao dobro do valor liberado para o financiamento desta parte do projeto. Na última sexta-feira, 11, a Secretaria do Tesouro Nacional aprovou o pleito da Prefeitura de Palmas para a contratação de financiamento junto à CEF, no valor de R$ 226.550.000,00, para esta finalidade.
O MPF/TO já havia ajuizado ação civil pública, ainda em setembro de 2015, apontado incoerências entre a demanda de passageiros da cidade de Palmas e a implantação do sistema mais completo de BRT. Na época, a justiça federal no Tocantins determinou a suspensão de qualquer repasse financeiro para construção do trecho BRT Palmas Sul. Agora o MPF/TO pede que a suspensão de repasses financeiros seja estendido também aos recursos destinados à construção do trecho BRT Teotônio Segurando.
Manual de BRT
Conforme manual editado pelo Ministério das Cidades, a opção para implantação do sistema BRT do tipo mais completo justifica-se desde que a demanda real de usuários varie de 15.000 a 45.000 passageiros por hora, em cada sentido do trajeto. Segundo a apuração do MPF/TO, a demanda futura para Palmas, projetada para daqui a 20 anos, não ultrapassaria 7.000 passageiros por hora, quantidade que não atinge nem 50% da demanda mínima prevista para justificar a implantação do sistema pretendido pela Prefeitura de Palmas.
As investigações do MPF/TO apontam que o número de passageiros que diariamente utilizam o transporte coletivo urbano em Palmas, quantificado em 89.000 pela Prefeitura, foi superestimado, sendo superior a de usuários por dia em Paris, e praticamente idêntica a de passageiros/dia em Curitiba. O Ministério Público também revelou que a cidade de Londrina/PR, com população de cerca de 540 mil habitantes, praticamente o dobro da população de Palmas, desistiu da implantação do sistema BRT, devido a baixa demanda de usuários de transporte coletivo por dia, quantificado em 8.000.
Custos das passagens
Para o MPF/TO, a implantação desse tipo de BRT em Palmas pode trazer grave risco de dano social, já que a demanda de usuários não atende os requisitos mínimos previstos no Manual de BRT. Isso fará com que o preço da tarifa seja sobretaxado para arcar com os altos custos de manutenção do sistema, prejudicando a população local.