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Cultura

Clarice Lispector foi uma cidadã do mundo. Nascida em uma aldeia da Ucrânia, na época pertencente à Rússia, a família passou pela Romênia e Alemanha até embarcar no navio Cuyabá, que chegaria ao Brasil, em Maceió. Aqui, ela circulou por Pernambuco, Rio de Janeiro e até pela região Amazônica, vivendo uma temporada em Belém, no Pará. Depois, morou ainda alguns anos na Itália. 

Sua estada na região Norte do País é o tema recontado por Ney Ferraz Paiva em “Estas últimas palavras ao pé do Vesúvio”. A exposição é a novidade da Galeria Sesc de Artes entre esta próxima sexta-feira, 1º de abril até o dia 29. A vernissage começa nesta sexta-feira, às 19h, na Galeria Sesc de Artes (502 Norte, avenida LO-16, lote 21-A).

Paiva é nascido em Belém no ano de 1962. É poeta e artista visual.  Escreveu os livros de poema “Não era suicídio sobre a relva”, “Nave do nada”, “Eu queria estar com vocês hoje”, “Poemas para Max Martins (para ler depois da chuva)”, “Arrastar um landau debaixo d’água” e “Maura Lopes cansada de Deus”. Idealizou a instalação “Um mundo onde Foucault pudesse reclinar a cabeça”, resultado da fusão da fotografia de Francesca Woodman e a filosofia de Michel Foucault.

Na instalação apresentada no Sesc, Ney vai narrar a permanência de Clarice Lispector na cidade de Belém, no Pará, entre janeiro e julho de 1944. Devido a nomeação de Maury Gurgel Valente, esposo da escritora, para ser agente de ligação entre o Ministério das Relações Exteriores e as autoridades estrangeiras, o casal precisa se mudar do Rio de Janeiro para a Região Norte.

A partir de colagens, imagens fotográficas e fragmentos textuais, a exposição toma como ponto de partida uma foto de Clarice visitando o vulcão Vesúvio, em Nápoles (Itália), no ano de 1945. A imagem mostra três pessoas, sendo a escritora a personagem central e a única que está olhando para trás, já que os outros dois foram capturados de costas. Partindo desse olhar, as imagens se fragmentam e fazem um percurso de volta ao Pará, promovendo a união dos fatos da vida e dos aspectos da obra da ucraniana. 

“Nesse ensaio visual, esboçamos uma narrativa de reaparição de memórias sobrepostas umas às outras, avançando sobre novas regiões, mostrando, através de uma fusão temporal entre a escrita e a fotografia, e vice-versa, os seus imprevisíveis desdobramentos”, explicou o artista visual em seu texto de apresentação. 

Na obra, o espectador verá projeções de trechos do romance “Perto do coração selvagem”, cartas trocadas por Clarice, detalhes de sua permanência em Belém, poemas de Ney Paiva sobre a escritora e transposições para o espaço da galeria de objetos do quarto de hotel onde ela ficou no Pará.

A Galeria Sesc de Artes está localizada no Centro de Atividades Sesc Palmas (502 Norte). O horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h. A entrada é gratuita.