Mais de um terço da população brasileira está com dívidas em atraso. É o que aponta um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em conjunto com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. Em março deste ano, 700 mil pessoas entraram para a lista de inadimplentes, puxando o saldo de negativados para 58,7 milhões. Esse número é 1,2% maior do que no mês passado e 7,5% acima do verificado em março de 2015.
No que diz respeito ao perfil dos endividados, a pesquisa revela que a inadimplência atinge 39,6% da população com idade entre 18 e 95 anos. Em números absolutos, a Região Nordeste é a que registra o maior quantidade de ocorrências: são 15,7 milhões de devedores. Esse número tem crescido nos últimos meses consecutivos, e agora está 8,09% superior no comparativo com março do ano passado.
Na Região Centro-Oeste, houve aumento de 4,64% dos casos, seguida da Região Norte (4,23%) e da Região Sul (3,10%). Já no Sudeste o levantamento foi prejudicado, segundo o gerente financeiro da SPC Brasil, Flávio Borges. Ele afirmou que os dados deixaram de representar a realidade em função da Lei 16.569/2015. Por essa lei, a negativação do nome só pode ser feita após o envio de carta registrada ao devedor e sua devolução com a assinatura de ciente do débito.
Possíveis causas
Borges avalia que o aumento da inadimplência está diretamente ligado à crise econômica. É uma situação que “reflete o aumento do desemprego e da inflação em alta que corrói o poder de compra”, afirmou. O economista observou ainda que, “em tempos de bonança quando há maior oferta de crédito, há também um crescimento da inadimplência, mas acompanhado de mais crédito e de consumo, fato que agora ocorre inversamente com restrição ao crédito e menos consumo.” (CNM)