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Polí­tica

Foto: Divulgação

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu (PMDB), participou na noite desta última terça-feira, 20, do Programa Jô Soares, da TV Globo. Kátia Abreu falou da dificuldade em administrar a pasta, disse ter horror a invasão de terras e explicou sua aproximação com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Ela informou que deve deixar o cargo de ministra se o processo de impeachment contra a presidente for admitido no Senado. 

Segundo Kátia, as pessoas ficam impressionadas por uma mulher ser ministra da Agricultura e disse da dificuldade em exercer o cargo. "Na Agricultura é ainda mais difícil porque as pessoas que são envolvidas com a agricultura de um modo em geral, 99% são homens", afirmou. 

Kátia explicou sua afinidade política com a presidente Dilma Rousseff  e disse que, quando era presidente da Confederação da Agricultura do Brasil (CNA) iniciou uma aproximação com a presidente ainda durante o primeiro mandato de Dilma: "eu não votei nela, não apoiei, apoiei o José Serra (PSDB) mas como dever de ofício do cargo, presidente da CNA, nós tivemos encontros. No primeiro encontro fiquei surpresa porque pensei que jamais poderia surgir entre nós qualquer tipo de afinidade justamente por ela ser do PT e eu de outro partido e de outra ala completamente diferente. Mas a presidente Dilma é muito pragmática, muito gerente das coisas, se interessa pelos detalhes e ela quis compreender qual era a dificuldade da Agricultura pensei que fosse porque era a primeira vez, para talvez me tratar bem, ser simpática e fiquei imaginando, vamos ver o dia seguinte", afirmou. 

De acordo com a ministra Kátia Abreu, no dia seguinte, para sua surpresa conseguiu avanços enormes e numa ocasião posterior foi convidada para ser ministra. "Foram avanços enormes que nós tivemos na área da Agricultura e ela então, numa ocasião, me convidou para ser ministra e eu disse a ela: presidente, eu não apoiei a senhora para presidente e não me sinto confortável de ser sua ministra, quem sabe na sua reeleição isso pode acontecer e aí sim eu gostaria muito. E assim aconteceu, eu apoiei a presidente Dilma na última eleição e ela então oficializou o convite e eu fui e todo o meu setor sabia muito bem dessa interlocução e de tudo que ela estava fazendo pelo setor, mas isso não é suficiente para conter a dificuldade com relação ao PT e a esquerda com os produtores rurais", disse a ministra. 

Kátia Abreu disse ter horror de invasão de terras. "Não estou dizendo que aprovo mas compreendo o terror que os produtores rurais tem com relação a invasão de terra e eu também tenho horror disso!", frisou, afirmando que não tem nada contra a reforma agrária, apenas contra as invasões. Você pode fazer uma reforma agrária pacificamente sem precisar usar da barbárie", disse. Kátia informou que no País tem 850 milhões de hectares, quase que 80% dessas terras produtivas. “Não há a necessidade de invadir terras”, afirmou a ministra. 

Durante a entrevista Kátia Abreu ainda comentou sobre a sessão do impeachment. "Com todo respeito ao parlamento, eu sou parlamentar, já fui deputada federal, hoje sou senadora mas foi um show de horrores, na minha opinião. Uma sessão que não poderia ficar na história, de lado a lado. Acho que não foi muito bonito de se ver e então acho que todos ficaram muito impactados com aquela cena e acho que ela (a presidente) estava muito impactada e antes de terminar a votação eu fui para o Palácio da Alvorada e quando terminou a votação ela disse: 'Eu nunca imaginei que fosse de novo viver um golpe, assistir um golpe'", explicou Kátia, que ainda defendeu a presidente. "Ela tem a convicção e eu também tenho a convicção e por isso estou do lado dela mesmo sendo de partidos diferentes, de situações diferentes, porque eu tenho convicção da honestidade da presidente, da sua idoneidade. Uma mulher seríssima, correta, muito digna. O impeachment, está na Constituição, ele é um instrumento legal, mas ele precisa ter as razões corretas para acontecer ou nós vamos abrir um precedente para o futuro, não só com os presidentes da República mas com os governadores. Vamos ver então essas pedaladas fiscais, quantos governadores já aplicaram nos 27 estados do Brasil?", questionou. 

Ainda falando sobre o impeachment, Kátia Abreu defendeu que não houve crime de responsabilidade no governo Dilma. "O que pode caracterizar um impeachment é justamente a responsabilidade fiscal, é você descumprir isso e isso no governo não foi praticado", frisou. 

Caso a presidente seja derrotada na segunda votação, quando será obrigada a afastar-se da Presidência da República, a ministra disse que voltará ao Senado.

Modernização da Produção

A ministra ressaltou que a modernização da produção fez com que os preços dos alimentos caíssem no País. Segundo ela, hoje o brasileiro gasta entre 18% e 19% de sua renda com aquisição de comida, praticamente metade do que necessitava há 40 anos, quando o Brasil importava a maioria dos alimentos que consumia. “Só exportávamos o café”, disse a ministra.