Em parceria com pesquisadores da herpetofauna (espécies crocodilianas, anfíbios e lagartos), o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) vem acompanhando a trajetória do desenvolvimento, controle da população e equilíbrio da convivência harmônica entre a comunidade local e os dois tipos de jacarés, jacaretinga e jacaré-açu, encontrados em território tocantinense.
Estudos recentes apontam que apenas 2,8 unidades de jacarés por quilômetro foram encontradas, em um primeiro monitoramento na região de Araguacema. Nesse senso, foram identificados um total de 37 jacarés, sendo 1 do tipo jacaré-açu. A quantidade registrada é considerada baixa, tendo em vista que até 20 UND/km desse animal silvestre seria considerado um índice normal para extensão hídrica pesquisada.
O monitoramento dividido em três etapas, já havia sido iniciado esse ano, para realizar a verificação em diferentes níveis das águas no rio, tem um segundo levantamento agendado para os próximos dias 14 a 16 de junho, período que antecede a temporada de praia. A última fase desse monitoramento, acontecerá em setembro, período em que os rios na região apresentam os menores níveis de agua. Outros trabalhos, já vem sendo feitos e serão ampliados, como orientação a medidas de prevenção, indicação de placas, distribuição de informativos e folders.
O superintendente de Gestão Ambiental do Naturatins, Natal César Alves de Castro, explica que monitoramentos semelhantes apontam, que muito raramente há a presença desse animal em locais rasos. “O jacaré açu costuma permanecer em lugares mais profundos, o perfil desse animal aponta que ele é sensível a barulhos, gosta de sossego. São raros os casos de uma visita a locais como praias. Tanto que, só é possível o monitoramento da espécie em horários noturnos”, esclarece o superintendente.
De acordo com o engenheiro ambiental e Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto, Maurício Araújo, apesar do animal geralmente se afastar com a movimentação em águas rasas, as pessoas não deve se descuidar. “A maioria das pessoas já sabem, que é importante não incentivar a aproximação do animal, evitando jogar restos de comida nas proximidades de locais de banhos. Também é importante evitar mergulhos em águas profundas e especialmente em locais com pouca movimentação, em períodos próximos ao anoitecer”, orientou o diretor, lembrando que matar animais silvestres é crime.
A médica veterinária e supervisora de fauna do Naturatins, Grasiela Pacheco, aconselha que “em caso de suspeitas de ataques por animais silvestres, a comunidade deve solicitar o auxílio do Instituto e aguardar resultados da averiguação técnica. A reincidência de casos de mortes por retaliação está sendo observada e registrada. A fauna silvestre mantém um papel importante no equilíbrio da cadeia alimentar e promove o controle populacional entre as espécies, evitando que a superpopulação de um único tipo se torne praga e promova um descontrole no ecossistema, como os casos de piranha”, alertou a supervisora.
Homem Desaparecido
O Naturatins lamenta o desaparecimento de um rapaz, nas mediações, no decorrer do mês de abril. Apesar da equipe do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar da região não ter verificado qualquer prova de que um animal esteve ligado ao fato. O sumiço do rapaz aconteceu em um local de profundeza favorável à visitação dessa espécie silvestre e diante de populares que levantaram a suspeita de morte por ataque de um jacaré.
Revoltada a população capturou e matou uma amostra do animal que tinha 40 anos de vida. Restos mortais foram encontrados e encaminhados ao Instituto Médico Legal da Capital (IML/Palmas) que, nesta quarta-feira, 18, divulgou, resultados negativos à espécie humana.
Segundo a médica veterinária e supervisora de fauna do Naturatins, Grasiela Pacheco, “esse era um dos poucos exemplares, que tem conseguido se refugiar de predadores e se desenvolver por tão longo tempo”, destacou a supervisora.
Parceria
O Naturatins mantém parceria com a equipe do Grupo Croc sob a coordenação da mestre-especialista na área de engenharia ambiental da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Adriana Malvado. O Croc desenvolve estudos sobre a herpetofauna, espécies de crocodilianos, anfíbios e lagartos, com a dedicação do pesquisador Kenedy Mota, às espécies crocodilianas e quelônios.