O deputado estadual Paulo Mourão (PT), que foi escrutinador da eleição para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, ocorrida na manhã desta sexta-feira, dia 8, questionou, durante a apuração dos votos, a forma como alguns deputados marcaram suas cédulas na hora de votar, com símbolos que personalizam os votos. A primeira constatação ocorreu na votação para presidente da Casa, e mesmo diante do questionamento do parlamentar, as votações seguintes para os cargos de 1º e 2º vices-presidentes, bem como 1º, 2º, 3º e 4º secretários, continuaram recebendo votos personalizados. “Isso fere a constituição e o regimento interno que diz em seu artigo 13 e 239 a 243 que o voto tem que ser secreto, o voto não pode indicar o autor do voto e o que vimos foi desenho feito com muita competência, de forma muito treinada”, explicou.
“Tudo que essa Casa faz reverbera lá fora, temos que dar bons exemplos”, defendeu. Para o parlamentar, a transparência do processo ficou comprometida com a personalização dos votos nas cédulas. “Eu lamento que isso tenha ocorrido, é muito difícil para mim levantar uma suspeição dessa, mas não compartilho e nem me sentiria à vontade de ficar calado, observando esse tipo de atitude que não é republicana”, destacou Mourão. O deputado sugeriu que nas próximas eleições, a votação seja feita por painel eletrônico ou seja exigido que o voto não seja personalizado na cédula, como tem ocorrido nas eleições para a mesa diretora.
Paulo Mourão também questionou o sumiço dos parlamentares da Casa na semana que antecede a votação. “Nós deveríamos ter ficado aqui discutindo as propostas dos candidatos”, avaliou. “Há uma prática lamentável nessa Casa que os parlamentares somem uma semana antes da eleição e ninguém sabe para onde vão”, relatou. “Nós temos salários vultosos, somos trabalhadores com os maiores salários desse estado e ficamos uma semana sem dar resposta do nosso dia de trabalho à sociedade, isso me incomoda, isso me deixa desconfortável”, lamentou. “Saio às ruas e sou questionado quanto isso”, considerou.
Paulo Mourão entrou com requerimento pedindo a instauração do processo para apurar as marcações das cédulas. Ao ser contestado pelos deputados sobre o requerimento, Mourão foi enfático ao afirmar que “não devemos ter receio de colocar esse assunto para discussão da sociedade e da imprensa para averiguação, pois, talvez, essa seja a última eleição em que o ato de personalização do voto na cédula ocorra”, avaliou. “O Brasil de hoje não permite isso”, frisou. Após encerrado o processo eleitoral, a mesa diretora se reuniu para avaliar o requerimento do deputado Paulo Mourão e decidiu não dar prosseguimento, considerando que a chapa vencedora teve a maioria dos votos.