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Meio Ambiente

Foto: Divulgação

Resultado da uma ação conjunta entre o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Batalhão de Polícia Militar Ambiental do Tocantins (BPMA), Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e outros parceiros, foram resgatados na última sexta-feira, 26 e sábado 27, nove botos que ficaram encalhados no Rio Formoso, região de Lagoa da Confusão. Depois do resgate, os animais foram transportados para o rio Javaés, também da bacia do rio Araguaia. No primeiro dia, foram resgatados quatro animais sendo duas fêmeas jovens e dois machos adultos. No segundo dia, foram resgatados cinco animais, uma mãe com filhote e mais três machos adultos, todos sadios.

Em razão da estiagem muito severa e atípica desse ano e também pelos acordos não cumpridos entre o Naturatins e os irrigantes daquela região, que utilizam água dos rios para irrigação de lavoura, o volume de água foi reduzido, formando lagoas no curso do rio Formoso. Segundo a veterinária e supervisora de Fauna, ligada a Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Naturatins, Grasiela Pacheco, havia um grupo de botos sendo quatro adultos e dois filhotes, que estavam sendo monitorados pela Regional do Naturatins de Lagoa da Confusão a cerca um mês. “Com a diminuição do volume de água no rio, os bichos ficaram represados num grande poço. A princípio havia água suficiente, mas nós ficamos preocupados com a questão da alimentação, se haveria peixes suficientes para a alimentação de todos”, contou.

O resgate ocorreu com a participação de 25 pessoas, somando a equipe da Regional de Lagoa da Confusão, da sede, do Instituto Araguaia, do Inpa, além de uma pesquisadora de Belém. “Tivemos também o apoio indispensável do Frigorífico Piracema, que fez a doação seis colchões, toalhas e luvas. O proprietário da Fazenda Diamante, do município de Lagoa da Confusão também nos auxiliou bastante. Ele contribuiu com um caminhão, um  motorista, mais três funcionários e um barco. Ele também ajudou com um trator”. A veterinária contou que o trator foi muito útil, porque na hora de tirar a carretinha com o barco da água, o carro encalhou ocasião que o trator foi usado. Ela disse que o fazendeiro também ajudou com alimentação para a equipe nos dois dias.

A supervisora de Fauna relatou que após ir até o local, acompanhada da bióloga do Instituto, Luciana Costa, observou que se tratava de uma situação complexa. “Nesta oportunidade fiz um relatório sobre a ação e entrei em contato com a doutora *Vera Silva, pesquisadora do Inpa, que é referência nacional e há mais de 30 anos estuda a espécie. Foi quando solicitei ajuda para realizar a operação”, disse. http://lattes.cnpq.br/1910894122074941

Portaria Nº 300/16

O salvamento dos botos foi facilitado devido o desligamento das bombas, por parte dos produtores rurais que utilizavam a água para o cultivo de agricultura, fato que ocorreu após o Naturatins emitir a Portaria Nº 300/16, que em caráter emergencial suspendeu as outorgas, proibindo a captação de água em 10 rios da região de Lagoa da Confusão.  Com o aumento do volume da água, o grupo de botos teve mais espaço e ficaram represados próximo as pedreiras, quando a equipe do Inpa conseguiu arrebanhar os animais na água, até chegarem o local mais propício, quando foram passadas redes para reunir os botos.

“A partir daí havia equipes já aguardando os animais com macas e colchões. Para cada animal eram necessários seis homens para fazer o transporte. Devido o peso dos animais, uma maca foi quebrada. Rapidamente outra equipe colocava os botos no caminhão para seguirem para o rio Javaés, onde foi feita a soltura”, salientou a supervisora.

Pesquisadores do Inpa coletaram sangue, tecido e secreção oral e nasal dos animais. Posteriormente esse material servirá de importante indicativo para conhecer como está a população de botos. “Como por exemplo, saber se tem algum tipo de doença,  a genética deles. Principalmente porque essa espécie foi descrita em 2014, por um grupo de pesquisadores do qual a Drª Vera Silva faz parte. Trata-se de uma nova espécie de boto cor-de-rosa, diferente da espécie da Amazônia, predominante na bacia do Araguaia, com o nome científico de Iniaaraguaiaensis, considerou a veterinária.

A supervisora de Fauna adianta ainda, que o resgate de nove indivíduos significa muito, para uma população que está provavelmente já está ameaçada. Porque o boto corta a rede do pescador, e por isso muitas vezes são mortos pelos pescadores. “Todos os botos ficaram bem. O sucesso do resgate ocorreu em razão da dedicação de todos que auxiliaram na operação”, conclui.

Conforme o superintendente de Gestão Ambiental do Naturatins, Natal César Alves, que acompanhou um dos regates, o órgão tem buscado todos os mecanismos para colocar o meio ambiente em primeiro lugar e sente-se no dever cumprido de estar buscando a cada dia, um ambiente favorável para os animais. “Os botos foram resgatados de uma situação de risco, com pouca água e falta de alimentação. Agora no rio Javaés, aonde o volume de água é maior e possui alimentação, estarão garantidos até o período chuvoso”.

O superintendente agradeceu a toda equipe que trabalhou de maneira integrada. Disse que todos estavam em seus lugares para deixar o animal o menos tempo possível fora da água. Salientou ainda que se houver necessidade o Naturatins irá continuar com o regate dos botos, pirarucus e outros peixes que estão em situação de necessidade e de sobrevivência.

Resgate no estado do Pará

Na última quarta-feira, 24, a supervisora de Fauna do Naturatins, participou de regate e soltura de três botos, sendo uma fêmea muita magra, com ferimentos resultado de tiro, um filhote e um indivíduo jovem. Os animais estavam numa lagoa no rio Maria. “O Ibama do Pará nos solicitou ajuda porque não tinha como resgatá-los sozinhos. Esta operação também foi em conjunto com a equipe do Inpa. Lá foi muito rápido, a água estava na altura do joelho, o transporte foi feito por um caminhão e levou cerca de uma hora e meia até rio Araguaia, aonde foi realizada a soltura. Ao final tudo deu certo”, acrescentou.