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Campo

Foto: Divulgação O agricultor Evaristo Tavares da Silva enxergou no murici uma oportunidade de negócio O agricultor Evaristo Tavares da Silva enxergou no murici uma oportunidade de negócio

Qualificado pela retirada de recursos do meio ambiente, o extrativismo vem conquistando cada vez mais espaço entre os pequenos produtores. Um desses exemplos pode ser visto na Associação Brejo Verde, localizada no município de Porto Nacional, onde a extração do murici se desponta como uma alternativa de renda para a agricultura familiar. Muito comum no cerrado, o fruto é conhecido na região pelo sabor forte e bem característico, podendo ser consumido in natura, em doces, sucos, sorvetes, geleias, compotas, dentre outras formas.

Morando há sete anos em Brejo Verde, o agricultor Evaristo Tavares da Silva, de 57 anos, enxergou no fruto nativo uma oportunidade de negócio. Na sua pequena propriedade, utilizando mão de obra exclusivamente familiar, ele faz o manejo de uma área plantada com cerca de 200 pés de murici, onde boa parte já está em produção. Beneficiário do Programa Nacional de Crédito Fundiário e assistido pelo Ruraltins, o agricultor conta que somente com a comercialização do fruto in natura consegue pagar a parcela do financiamento da terra, ocupada pela família. “Tudo que tenho hoje, vem dessa propriedade que possuo, e aos poucos vamos abrindo novos caminhos. Os muricizeiros estão na época da florada e aguardamos a chegada do período da colheita, que vai de novembro a fevereiro. A expectativa é comercializar, nesta safra, 100 litros por semana nas feiras livres e na porta da minha propriedade, pois as pessoas vem comprar diretamente comigo”, frisou otimista o agricultor.

Evaristo Tavares frisa ainda que, além do extrativismo, a família tem outras fontes de renda, obtidas da produção de mandioca, milho, cana-de- açúcar, banana e da criação de animais, como porcos, galinhas e gado de corte.

Segundo a extensionista rural e supervisora regional do Ruraltins, Iza Maria Neres, o órgão pretende apoiar o produtor no beneficiamento do murici, como forma de agregar mais valor ao produto e ampliar o mercado consumidor.

“A ideia é que o agricultor leve o fruto para ser processado em uma agroindústria de Brejinho de Nazaré, para que possa comercializar a polpa, já certificada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em outros mercados e programas governamentais, como no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Essa é uma alternativa que pode envolver também as outras 21 famílias da Associação Brejo Verde, despertando assim novas maneiras de produzir gerando renda”, avaliou a extensionista.

Capacitações

O cerrado tocantinense é muito rico, onde podem ser encontradas mais de 58 espécies de frutas nativas conhecidas e consumidas pela população de diversas formas. Nesse sentido, tendo por objetivo a geração de renda, bem como a melhoria da qualidade de vida  das famílias que vivem no campo, o Ruraltins desenvolve junto aos agricultores cursos de capacitações e manejo, visando o extrativismo sustentável, aliado a preservação ambiental.

Uma dessas capacitações acontece com o grupo de mulheres agroextrativistas da APA Cantão, na região oeste do Estado. A iniciativa propõe o aproveitamento de frutos do cerrado e a extração de óleo vegetal das diversas espécies existentes em cada região como o buriti, pequi, babaçu, tucum, macaúba, gergelim, mamona, baru, bacaba e amendoim.