Os desafios de cuidar da água das cidades levaram centenas de estudantes, profissionais, pesquisadores e o poder público a discutir ideias que possam trazer novas soluções para um problema antigo: a falta de cuidado com um bem natural precioso. Erosão, falta de vegetação preservada, ocupação irregular e falta de saneamento básico são consequências reais já notadas.
Abrindo as discussões, o engenheiro agrônomo e colunista da rádio CBN Tocantins, Ramis Tetu, apresentou o panorama geral do assunto com um apanhado sobre o falta de integração entre as áreas do conhecimento. “A economia é tratada como inimiga, o meio ambiente é tratado como empecilho para o desenvolvimento, é esse tipo de pensamento que é improdutivo”, explicou.
O engenheiro ambiental Rodrigo Lacerda, representante da Odebrecht Ambiental | Saneatins, ao falar sobre o assunto, também defendeu a transversalidade como caminho. “Já passou da hora de discutirmos o uso da água como um tema de responsabilidade transversal. O uso e a preservação da água não é de responsabilidade de um setor. Impacta a todos e, por isso, deve ser de interesse de toda a sociedade”.
Também participaram do debate o secretário municipal de Meio Ambiente de Porto Nacional, Marcelio Maya, o médico sanitarista e vereador Eduardo Manzano, o professor Cléber de Assis da Faculdade ITPAC e Fernando Mayer, professor do curso de Biologia da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
Saneamento
Da plateia, vieram dúvidas sobre os rios urbanos afetados por lançamentos irregulares, ocupação das margens sem planejamento e o assoreamento. Entre as falas dos debatedores, foi ressaltada a necessidade de utilização correta da rede de esgotamento sanitário. “Em qualquer rio urbano existe o problema do lançamento clandestino, não só de esgoto, mas de lixo, de água de chuva de modo errado”, afirmou Rodrigo Lacerda, completando “é necessário utilizar a rede de esgoto, de maneira correta, com destinação da água servida, que vai para tratamento adequado”.
O médico Eduardo Manzano lembrou do passado da cidade de Porto Nacional, ao citar o período que a cidade passou com baixo índice de atendimento com água tratada e esgoto, lembra da ocorrência crônica de doenças parasitárias. “Antes, quando cheguei aqui em Porto Nacional, só 10% das casas tinham água tratada, nenhuma esgoto. Tínhamos, no hospital, uma sala só para tratar de casos de diarreia, crianças morriam toda a semana. Hoje é um cenário diferente”.
Porto Nacional tem, hoje, índice de atendimento de 99,99% de distribuição de água tratada e desponta como um dos municípios com o maior índice de atendimento com coleta de esgoto de cerca de 86% dos moradores atendidos. Em todo o Tocantins, 100% do esgoto coletado é tratado antes de ser devolvido à natureza.
Todas as discussões realizadas durante o evento serão transmitidas, pela Rádio CBN, no próximo dia 12, sábado.