Atendimento clínico a crianças e jovens transexuais, o processo de mudança do nome social no registro civil como promoção da saúde, cidadania de travestis e transexuais no Tocantins, identidade de gênero, atendimento à população trans no Estado e as implicações sociais de viver a transexualidade, são alguns dos temas debatidos no I Fórum de Saúde e Diversidade do Tocantins, que segue até a noite desta quinta-feira 17, no auditório da Defensoria Pública do Estado.
Alexandre Araripe, técnico da Gerência de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Saúde, falou da importância desse espaço para propagar informação. “O Fórum foi pensado como um espaço de discussão que resulte em estratégias voltadas para qualificação do atendimento e acolhimento à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e reconhecimento deste grupo nos serviços de saúde pública. Hoje nós conseguimos estar próximos do caminho de materialização de uma política pública, apesar de sabermos que na nossa cidade e no nosso espaço, não é um caminho fácil, mas a cada evento que promovemos, reunião, portaria, enfrentamento e a cada matéria na mídia, estamos colocando um tijolo e esperamos que isso se propague. Direitos básicos da população não podem ser selecionados,”disse.
Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Núcleo de Psicologia e Psiquiatria Forense do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - IPq/HCFMUSP, falou sobre “O Atendimento Clínico a Crianças e Jovens Transexuais no Hospital das Clínicas de São Paulo”. “No hospital de São Paulo nós temos vários centros de acompanhamento da população transexual, mas hoje trabalhamos especificamente com criança e adolescente. O atendimento é feito através do contato da população com o ambulatório, onde é marcada uma triagem e verificamos se o paciente tem perfil ou um pré-diagnóstico e então ele entra no processo de acompanhamento que temos no Instituto de Psiquiatria”, explicou.
O coordenador esclareceu ainda que o Ministério da Saúde tem apenas cinco centros que são referenciados pelo SUS, são os de Porto Alegre, São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro e Recife. “São poucos lugares credenciados no Brasil, mas à medida que se monta um núcleo de atendimento, especialmente a população adulta que é a mais frequente, busca-se esse reconhecimento e referência do Ministério da Saúde por conta da verba, do valor da consulta ser diferenciado, e por ser uma intervenção que eles pagam um pouco a mais pelo SUS”
Sâmia Chabo é técnica da área de DST/AIDS e Hepatites Virais e falou do seu trabalho na área. “Sou enfermeira e sexóloga e me interesso muito por esse tema, porque já trabalho nesse viés. Uma das perspectivas da nossa área é trabalhar ajudando as transexuais e travestis, através da implantação de um trabalho de hormonioterapia para que elas tenham acesso a esses hormônios de forma legalizada, pois a maioria faz de forma indiscriminada, sem acompanhamento e correndo riscos,” disse.
Programação
O evento segue até às 20 horas e conta com a participação de gestores municipais e estaduais da saúde, acadêmicos de saúde e direito, Organização Não Governamental e Organização da Sociedade Civil.