A deputada federal Josi Nunes (PMDB/TO) usou a tribuna durante a sessão solene em homenagem ao dia da Consciência Negra realizada nesta terça-feira, 29, no Plenário da Câmara dos deputados, para reforçar a importância das políticas alternativas no combate da desigualdade racial.
Ao citar as estatísticas, a parlamentar questionou a situação dos negros com relação ao mercado de trabalho e a distribuição de renda. “A própria realidade já nos diz muitos pois, onde estão a maioria dos negros no mercado de trabalho? Qual a posição da população negra quando o falamos em distribuição de renda?”, questionou.
Conforme colocado pela tocantinense, o IBGE revelou no censo de 2014, que os negros e pardos são a maioria da população brasileira, ou seja, 53,6% da população. Entretanto, na parcela do 1% da população mais rica do país, cuja renda média é de R$ 11,6 mil por habitante, os negros são apenas 17%, uma vez que deste 1%, 79% são brancos.
Ainda segundo o IBGE, já no grupo que compõe os 10% mais pobres do Brasil, com renda média de R$ 130 por pessoa na família, os negros continuam sendo a maioria e representam 76%. “Esta diferença gritante não se resumem apenas aos números. Lamentavelmente, as oportunidades e os privilégios tem cor neste país. E o reflexo destas estatísticas só nos provam que precisamos debater sobre igualdade racial sobretudo sobre a política de cotas”, ponderou Josi.
Cotas na Iniciativa Privada
Josi comentou também, sobre a reportagem publicada recentemente pelo Jornal Folha de São Paulo, que revela que embora nestes 15 anos de políticas públicas com cotas, a presença de estudantes que se declararam negros ou pardos nas universidades tenha dobrado, o alto escalão do mundo corporativo permanece majoritariamente branco. “A reportagem trata especificamente sobre um conjunto de ações realizadas entre empresas e instituições ligadas à educação para tentar encurtar essa distância entre a sala de aula e as seleções de emprego. Entre as ações, foi formalizado um pacto entre algumas empresas para que estas se comprometam a promover igualdade de oportunidades na ocupação de vagas”, comentou.
De acordo com a peemedebista, a intenção desta iniciativa é abrir a plataforma a todos os outros universitários negros e acompanhar a trajetória profissional deles. “E o MEC pretende apoiar a plataforma com vistas à inserção no mundo do trabalho de cotistas negros e indígenas formados ou não”, acrescentou.
Para Josi, é de extrema importância que a iniciativa privada tenha um novo olhar sobre esta questão. “Não basta apenas formar pessoas, é preciso que elas encontrem empregos ou recebam financiamento, inclusive público para ter o próprio negócio. Mesmo com a adoção de políticas afirmativas como as cotas, ainda persiste a discrepante desigualdade entre negros e brancos no mercado de trabalho A desigualdade é imensa e se traduz de várias formas no país”, completou.