Há tempos, em nossos pronunciamentos em defesa dos direitos dos servidores públicos estaduais, temos dito que o problema do Estado do Tocantins não é de ordem financeira e que não há crise na administração pública estadual. Os cofres do Tocantins nunca estiveram vazios, como afirma o governador Marcelo Miranda e sua equipe ao tentar justificar os problemas na segurança pública, o sucateamento da educação, o caos na saúde e o desrespeito às leis que envolvem a data-base, as progressões e a regularização dos repasses ao Plansaúde, instituições financeiras e ao Igeprev.
Prova disso é a quantia desviada com pagamento de propina e lavagem de dinheiro como mostrou a Operação Reis do Gado, realizada pela Polícia Federal esta semana. Em valores atualizados, o rombo causado pela organização criminosa seria de R$ 500 milhões.
Isso comprova aquilo que sempre temos defendido: não há falta de recursos no Tocantins; o que existe é um problema de gestão. Com base nas investigações é possível afirmar que as receitas arrecadadas têm servido para inflar os cofres particulares dos grupos aliados do governador. Enquanto isso, do outro lado, a população sofre com o descaso e o desrespeito a direitos constitucionais como saúde, educação e segurança pública, bem como os servidores públicos e suas famílias com o desrespeito constante aos seus direitos.
Para se ter dimensão, basta ver que somente com o valor desviado nas gestões de Marcelo Miranda e que foram apontados pela Operação Reis do gado, seria suficiente, por exemplo, pagar todos os valores retroativos da data-base, cuja dívida total está em aproximadamente R$ 257 milhões.
A situação do Tocantins é muito grave e é lamentável que em pleno século XXI ainda se pratique a velha política composta por um “governo oligárquico,” no qual as famílias se alternam no poder, usando o dinheiro do Estado para benefício próprio e em detrimento das necessidades de milhares de pessoas.
Com a tal crise sendo desmascarada, o movimento que pede o Impeachment do governador Marcelo Miranda ganha força nas ruas e recebe apoio popular, tendo arrecadado mais de doze mil assinaturas. O processo será protocolado na Assembleia Legislativa na semana que vem e exigiremos dos nobres deputados – representantes eleitos pelo povo – uma resposta. Diferentemente do silêncio que presenciamos no parlamento esta semana no desenrolar da Operação Reis do Gado.
O Tocantins precisa voltar a crescer. Acreditamos na Justiça e na capacidade dos agentes federais para dar prosseguimento a esta investigação, punindo os envolvidos e ajudando o Estado a recuperar sua credibilidade, respeito e acima de tudo, progresso e desenvolvimento.
*Cleiton Pinheiro é presidente do Sisepe-TO, NCST-TO, Assecad, vice-presidente estadual da Fesempre