Diversas espécies de plantas medicinais e fitoterápicas, a exemplos da babosa, hortelã, sucupira e macaúba, entre outras, são produzidas por moradores em diversas comunidades do Tocantins. No assentamento Mariana, localizado a cerca de 20 km de Palmas, as plantas são cultivadas no Sistema de Produção Agroflorestal (SAF’s), junto com árvores naturais e outras culturas. Como em outras comunidades, as produtoras do assentamento Mariana manipulam as espécies, em forma de chás e garrafadas, para ajudar no tratamento de doenças e enfermidades.
A agricultora familiar, Miriam Correia Lima, cultiva algodãozinho do cerrado, sangra d’agua, caninha de macaco, aroeira, unha de gato e pimenta de macaco, entre outras plantas medicinais. O plantio começa no quintal de casa, com ervas em vasos e aproveitando os espaços e sombreamentos entre as árvores que se estendem pela propriedade propiciando vida e equilíbrio à natureza.
Ela conta que conheceu as espécies medicinais e fitoterápicas na época em que trabalhou com um grupo da Pastoral da Criança, no Paraná. “Faço chás e garrafadas para tratar gripes, febre, dor de cabeça, entre outras enfermidades e também para o tratamento de caspa, hidratação e queda de cabelo”, afirma. “O uso é muito comum aqui na comunidade para cuidar das pessoas, independente da idade”, diz.
Na propriedade vizinha, a agricultora Maria Aparecida Afonso Rodrigues também cultiva ervas medicinais. Bem na porta da casa tem um pé de amoreira que segundo o conhecimento popular serve para amenizar os sintomas da menopausa. Ao redor de casa e ao longo da propriedade pode-se encontrar pimenta, babosa, romã, baru, tamarindo, erva cidreira e gergelim, e uma infinidade de árvores e ervas que tem propriedades curativas. “Aqui em casa a gente cura gripe com chá”, afirma.
Participação na Oficina em Brasília
Em abril deste ano foi realizada, em Palmas, uma Oficina de Trabalho para o Mapeamento e Análise de Cadeias de Valor de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, promovida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). No encontro foram escolhidas quatro espécies medicinais para representar a Região Norte: Sucupira (Pterodon emarginatus); macaúba (Acrocomiaaculeata); babosa (Aloe vera); e hortelã (Mentha villosa Huds). As plantas poderão ter um estudo da cadeia de valor do cultivo até a comercialização.
Miriam Correia Lima foi escolhida para, junto com uma equipe da Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro), apresentar as espécies da região Norte, na “Oficina para apresentação de plantas medicinais e fitoterápicas, no âmbito do Projeto de Fortalecimento da Gestão da Agricultura Familiar em Plantas Medicinais e Fitoterápicos”. O evento acontece nesta quarta e quinta-feira, 7 e 8, em Brasília, e terá a participação de diversos estados brasileiros.
O objetivo central é fortalecer a gestão da base produtiva em plantas medicinais e fitoterápicos, com foco na agricultura familiar, para apoio ao “Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos”, com vistas à promoção da inclusão produtiva, pautado no poder de compra do sistema único de Saúde (SUS). “A troca de experiências e o compartilhamento, propiciados no projeto, contribuirão na construção de uma visão de futuro para as cadeias de plantas medicinais e fitoterápicas”, afirma a diretora de Tecnologia Sociais e Sociobiodiversidade da Seagro, Francisca Marta Barbosa.