Os técnicos da Secretaria de Estado da Saúde concluíram nessa quinta-feira, 19, a investigação epidemiológica referente ao surto de malária em Araguatins, município a 612 km de Palmas. Ao todo, 11 casos da doença foram confirmados de 1º a 19 de janeiro deste ano. A investigação apontou que todos os casos são autóctones, isto é, os doentes adquiriram a malária no próprio município e não em outros Estados, como inicialmente se cogitava. As pessoas diagnosticadas com a doença já iniciaram tratamento e passam bem. Durante todo o ano de 2016, no Tocantins, foram registrados 22 casos confirmados de malária. Deste total, apenas quatro foram contraídos no Tocantins.
Segundo o biólogo e assessor técnico do Programa Estadual de Malária e Tracoma, Marco Aurélio Oliveira Martins, a investigação epidemiológica identificou que todos os casos confirmados estiveram, no provável período de infecção, em um mesmo bairro da cidade. “Conseguimos identificar que todos os pacientes estiveram em uma mesma área de Araguatins no mesmo período, que é provavelmente o local de infecção. Essa área fica próxima ao Rio Araguaia", explica o biólogo.
Apesar das condições climáticas não favoráveis foi identificada a presença do vetor a partir da captura de mosquitos in loco. "Realizamos algumas coletas entomológicas e capturamos o principal vetor da malária no Brasil, o Anopheles darlingi, mesmo as condições climáticas não sendo as melhores condições para a captura de mosquitos nos dias que as coletas foram realizadas", diz a bióloga do Laboratório Estadual de Entomologia Médica, Vanessa Durante.
Serviços municipais orientados
Descartada a ideia inicial de que parte das pessoas teria contraído a doença fora do Estado, os serviços municipais de Saúde foram orientados pelo Estado a manter a busca ativa por casos de febre tardia ou recente. “Todos os agentes de saúde da cidade foram orientados a acionar, quando identificado algum caso suspeito, uma equipe volante para ir até a residência realizar o teste rápido e o exame de gota espessa”, ressalta o biólogo Marco Aurélio. Os dois exames são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente.
“Sabemos que é possível surgirem novos casos porque estas pessoas que adoeceram podem ter sido picadas antes de iniciarem o tratamento e, possivelmente, infectado outros mosquitos”, explica Marco Aurélio, acrescentando que a ação de iniciar rapidamente o trabalho de investigação e controle do surto, garantindo início do tratamento imediato dos casos confirmados contribui para a quebra do ciclo de transmissão da doença.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas mais comuns da malária são febre alta, dores de cabeça e nos músculos e calafrios. Todos os casos suspeitos de malária devem passar por exames de diagnóstico rápido disponíveis gratuitamente na rede pública de saúde, que são o teste rápido ou o teste da gota espessa. O primeiro pode ser realizado em qualquer unidade de saúde e emite resultado em menos de meia hora. Já o teste da gota espessa pode ser prescrito por médico ou enfermeiro da rede pública de saúde, cujo resultado sai em até um dia. Ambos os testes usam apenas poucas gotas de sangue retiradas do dedo do doente.
Como evitar o mosquito
Entre as orientações que podem prevenir o contato com o mosquito estão: evitar locais ribeirinhos, que são habitats naturais do mosquito, em horários próximos do amanhecer e do entardecer, usar repelente e roupas que mantenham a maior parte do corpo protegida.