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Saúde

Foto: Divulgação

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Os últimos dados do Ministério da Saúde sobre a malária apontam para 27.186 ocorrências só em 2025, com a região amazônica concentrando 99% das transmissões. No ano passado, foram 138.465 casos registrados. Apesar dos avanços na prevenção, a doença transmitida pela picada do mosquito Anopheles continua a ser uma grave ameaça à saúde pública. Por isso, no Dia Mundial da Luta contra a Malária (25 de abril), o alerta da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) é para intensificar esforços em prevenção, diagnóstico e tratamento, especialmente junto às populações mais vulneráveis.

Segundo Tobias Garcez de Jesus Junior, infectologista do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), a doença ainda é considerada negligenciada e intimamente relacionada às condições ambientais e aos fatores sociodemográficos, como a pobreza. “A falta de acesso à saúde básica colabora para a própria perpetuação da malária. A saúde básica tem papel-chave, sobretudo na prevenção e, não menos importante, na vigilância epidemiológica dos casos. A falta de acesso a esse serviço mantém a população exposta ao vetor e dificulta a coleta e análise de dados sobre a ocorrência da malária para o planejamento de intervenções políticas eficazes de controle”, afirmou.

No País, a espécie de protozoário Plasmodium vivax é predominante em todas as regiões endêmicas e corresponde a mais de 80% dos casos. Os sintomas mais comuns envolvem febre, calafrios, sudorese, dor de cabeça e dores musculares. “A malária se distingue pela febre alta com calafrios intensos e sudorese profusa. Contudo, deve-se sempre levar em consideração os vínculos epidemiológicos, isto é, a prevalência de cada doença na região e se o paciente fez alguma viagem recente”, pontuou.

A falta de acesso a medicamentos antimaláricos ou a orientação médica inadequada pode levar a tratamentos incompletos ou incorretos, resultando em recorrência da infecção e, possivelmente, em resistência aos medicamentos, de acordo com o especialista. O HDT-UFT oferece tratamento ambulatorial para casos leves e tratamento hospitalar com medicação intravenosa para os casos moderados e graves. Todos os fármacos preconizados pelo Ministério da Saúde são administrados na instituição.

Diagnóstico e tratamento

No Brasil, o método padrão-ouro para o diagnóstico da malária é a “gota espessa”, exame semelhante ao de glicemia que permite identificar o Plasmodium e determinar a espécie. Trata-se de um método rápido, de baixo custo e altamente eficaz. Outra alternativa é o teste rápido, que detecta antígenos do parasita em apenas 10 minutos.

Prevenção

A melhor forma de prevenção às doenças transmitidas por picada de inseto sempre é o uso de barreiras mecânicas, como mosquiteiros para dormir e telas em portas e janelas. Também é indicado utilizar proteções químicas, como os repelentes à base de icaridina ou DEET, a aplicação regular de inseticidas nas residências e áreas urbanas (fumacê). Para os viajantes, há ainda a possibilidade de realizar a quimioprofilaxia, que deve ser orientada pelo infectologista ou especialista em medicina do viajante.

Há pesquisas promissoras em andamento e duas vacinas em uso para a malária: a RTS,S, comercializada com o nome Mosquirix, aprovada pela OMS em 2015, e a R21/Matrix-M, desenvolvida pela Universidade de Oxford para a prevenção da malária por Plasmodium falciparum. Nenhuma, no entanto, está em uso no Brasil.

A malária não deixa sequelas. Uma vez tratado, o paciente recupera-se completamente. No entanto, como a infecção não gera imunidade, é possível ter vários episódios de malária por novas infecções.