Nesta segunda-feira, 24, é celebrado o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras). No Brasil mais de 9,7 milhões de pessoas possuem algum grau de deficiência auditiva. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, desse total, cerca de 2,2 milhões têm deficiência auditiva em situação severa e, entre esses, 344,2 mil são surdos.
Mais de 100 professores de salas de recursos multifuncionais, ou que possuem estudantes com surdez matriculados nas escolas da Rede Estadual de Educação, participam da 1ª turma de Formação Continuada em Língua Brasileira de Sinais. Os cursos são realizados entre os dias 24 e 28 de abril para educadores de 72 municípios vinculados às Diretorias Regionais de Educação (DRE) de Tocantinópolis, Araguatins, Araguaína, Colinas, Guaraí, Pedro Afonso e Palmas.
Realizada pela Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc), por meio da Gerência de Educação Especial, a formação busca formar o educador para que seja ofertada educação básica inclusiva e de qualidade aos estudantes com deficiência auditiva, além de potencializar análises, debates e reflexões sobre a educação de surdos em todos os níveis de ensino. As aulas são realizadas no auditório do Hotel Turim, das 8h às 12h e das 14h às 18h.
A programação conta com palestras e mesas redondas entre ouvintes e surdos. Além dos professores que atuarão como multiplicadores em suas unidades de ensino, participam do encontro educadores das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) e alunos surdos do Centro de Capacitação de profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS).
Representando a titular da pasta, professora Wanessa Zavarese Sechim, durante a abertura do evento, a superintendente de Desenvolvimento da Educação, Jucylene Borba, ressaltou a importância dessa oportunidade para que os professores aprendam sobre a Língua Brasileira de Sinais, o que para ela “resultará no maior acesso, ensino, aprendizagem e permanência do aluno na escola”.
Consultora da formação, a professora surda Roselba Gomes de Miranda ressaltou a importância do curso de Libras para os educadores. Segundo ela, “este é o meio de comunicação do surdo, portanto a língua pela qual ele vai conseguir assimilar o conhecimento e aprender”. A docente destacou que a formação contribuirá para que os professores adquiram conhecimentos teóricos e práticos para repassá-los aos alunos com mais propriedade.
Jefferson Brandão Feitosa, professor de Libras e de Língua Portuguesa do CAS, abordou sobre os avanços na legislação brasileira ao longo destes 15 anos. Para ele, “foram muitos avanços, mas os surdos necessitam ser ouvidos”.
Mãe de surda, a professora Sandra Rodrigues explicou que aprendeu a língua de sinais para trabalhar com a filha e, ao longo de 25 anos, tem buscado qualificar-se para colaborar com os colegas de profissão e principalmente com os alunos que frequentam as salas de recursos do Centro de Capacitação. “Trabalhamos para facilitar a vida dos surdos. Nas salas ofertamos aulas de Língua Portuguesa e Libras, além de orientá-los sobre o uso dos materiais didáticos, vídeos, endereços virtuais, que promovem maior acessibilidade ao surdo”.
“A vontade de aprender nos trouxe até aqui. O desafio de repassar esse conhecimento para os demais colegas fará com que exploremos o máximo desta formação”, disse a coordenadora de oficinas de artesanato da Apae de Goianorte, Nayla Behne. A docente contou que a instituição na qual trabalha conta com oito profissionais que auxiliam no desenvolvimento de aproximadamente 70 alunos. Segundo ela, “além das aulas regulares, as oficinas e atividades são fundamentais para o desenvolvimento dos ‘apaeanos’ que possuem deficiência motora e psicológica em vários níveis”.
Lei nº 10.436/02
No Brasil a Língua Brasileira de Sinais só foi reconhecida oficialmente pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. A partir desse marco, compreende-se que Libras não se trata apenas de mímicas ou simples gestos, mas deve ser considerada como status de uma língua constituída com uma composição gramatical própria, podendo expressar conceitos concretos e abstratos dentro da realidade em que o surdo está inserido.
Segunda etapa
Conforme o cronograma da Seduc, acontece dos dias 22 a 26 de maio a formação com os 83 professores das Diretorias Regionais de Educação de Miracema, Paraíso, Porto Nacional, Palmas, Gurupi, Arraias e Dianópolis. Após essa segunda etapa da formação, serão contemplados professores dos 139 municípios tocantinenses.