Em 2012, a Organização das Nações Unidas estabeleceu a data de 21 de março, como o Dia Internacional da Síndrome de Down. É um momento para promover a discussão social sobre a visibilidade das pessoas com essa síndrome, reduzir o preconceito e a falta de informação. A estimativa é de que no Brasil, 300 mil pessoas tenham Síndrome de Down, segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A escolha da data faz referência a alteração no cromossomo 21. A forma mais frequente da síndrome de Down é a trissomia livre ou simples, em que a pessoa nasce com 47 cromossomos, sendo que três completos correspondem ao par 21.
A síndrome não é uma doença, mas uma condição genética. Na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais em Gurupi (Apae), o curso de Fisioterapia do Centro Universitário UnirG realiza um projeto de extensão para estimulação precoce de bebês de 0 a 6 anos. De acordo com a professora Jaqueline Takada, responsável pelo projeto, as atividades desenvolvidas por professores e alunos do curso visam estimular a coordenação motora e a cognição, para que o bebê tenha um desenvolvimento mais próximo possível da sua idade cronológica.
“O bebê com Down apresenta algumas características, entre elas, está o fato do bebê ser molinho, ou seja, a chamada hipotonia muscular, juntamente com flexibilidade das juntas. É importante que a criança comece a ser estimulada corretamente desde o nascimento, para que ele consiga sentar, sustentar o pescoço, ficar em pé, e de forma geral minimizar os efeitos da síndrome”, disse Takada.
Atividades lúdicas também são ferramentas importantes. Na Casa de Cultura da UnirG, dois alunos com Síndrome de Down ingressaram esse semestre e estão aprendendo pintura. Adriana Cunha, mãe do Emanuel, de 9 anos, buscou as aulas de arte por perceber que seu filho aprecia o desenho e a pintura.
“Ele gosta de trabalhar com a tinta, de desenhar, tanto é que em casa continua fazendo atividades que começou aqui. Acredito que a pintura vai ajudá-lo a ter mais concentração, pois é uma atividade agradável, que ele gosta e manifesta interesse”, disse a mãe.
De acordo com o professor de pintura, Henrique Viegas, a evolução dos alunos nas atividades do curso é evidente. “Por meio do desenho, do contato com as tintas e cores, eles estão tendo a oportunidade de exercitar a criatividade e melhorar a coordenação motora. Aos poucos alguns movimentos que pareciam ser difíceis estão tornando-se mais naturais, o que permite a eles criar novas imagens e ideias”, disse.
Preconceito e assistência
A psicóloga e professora da UnirG, Tânia Lago, é mãe do Pablo Felipe, de 29 anos. Para ela, a sociedade precisa ter uma outra percepção da pessoa com Down.
“Foi de um médico totalmente despreparado que recebi a informação de que meu filho tem a síndrome. Depois de muitos anos percebo que várias mudanças ocorreram na sociedade, mas apesar disso, infelizmente ainda perdura uma visão muito distorcida do assunto, inclusive entre profissionais de saúde”, disse.
“É preciso que haja o reconhecimento de que a pessoa com síndrome, assim como as demais, tem suas individualidades, com preferências próprias, desejos e autonomia, mas nem sempre isso é respeitado. Também é necessário perceber que a pessoa com síndrome tem inúmeras potencialidades que devem ser valorizadas. Assim haverá mais respeito a todos”, frisou.
Adriana Cunha, mãe do Emanuel, reforça que o acesso a informação adequada é importante para a diminuição do preconceito. “Há quem pense que eles não são capazes de aprender ou se desenvolver. Isso é um engano. A informação que adquiri sobre o assunto foi importante para que eu compreendesse o que é a síndrome e buscasse oferecer o que fosse o melhor para o desenvolvimento do meu filho”, finalizou.