Em 2010, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu a data de 28 de julho como o Dia Mundial de luta contra as Hepatites Virais. Desde então, uma série de medidas estratégicas através do Sistema Único de Saúde (SUS) são postas em prática para enfrentar as hepatites no Brasil. Porém, muitos são os desafios para que os altos índices diminuam a cada ano. A Bahia é o Estado do Nordeste com maior número de mortes por hepatite B, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
A hepatite viral (tipos A, B, C, D e E) é um grande problema de saúde em todo o mundo. Milhões de pessoas estão infectadas com as hepatites do tipo B e C, por exemplo. Na grande maioria desses pacientes, mesmo com a doença de forma cronificada, podem não apresentar sintomas. Assim sendo, aumentam os riscos para as consequências do não tratamento, que incluem cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado. Coletivamente, as hepatites B e C crônicas são a causa mais frequente de transplante hepático.
A nova estratégia do Setor Global de Hepatite da Saúde define metas para a eliminação da hepatite viral como uma ameaça à saúde pública até 2030 e fornece metas de resultados para reduções de novas infecções e mortalidade, bem como metas de prestação de serviços que incluem testes, diagnóstico e tratamento. As diretrizes de testes de hepatite da OMS para adultos, adolescentes e crianças em países de renda baixa e média descrevem a abordagem de saúde pública para fortalecer e expandir as práticas atuais de testagem das hepatites virais, bem como intervenções para promover a ligação à prevenção e cuidados.
As direções futuras e inovações nos testes de hepatite incluem estratégias para melhorar o acesso (ampliando a informação sobre a doença e seus riscos), como por meio do uso de instalações existentes - a exemplo das Unidades Básicas de Saúde. Estudos recentes tem sido direcionados a estabelecer plataformas de multi-doença para permitir testes de múltiplos patógenos (doenças) e autoteste potencial para hepatite viral. Além disso, soma-se os esforços da comunidade científica em desenvolver novos medicamentos para o tratamento das hepatites, que tem demostrado alta eficácia terapêutica (acima de 90%), e pela busca vacina para hepatite C (vírus com alta taxa de mutação, o que dificulta o desenvolvimento da vacina).
Em suma, é imprescindível à população atentar para os riscos de transmissão das hepatites (relações sexuais desprotegidas, materiais não esterilizados em estúdios de tatuagem, compartilhamento de instrumentos de manicure, uso de lâminas de barbear de outras pessoas, compartilhamento de agulhas, seringas pra uso de drogas), saber das medidas de preventivas como a vacinação. Em paralelo, associando-se ao incremento de esforços do poder público em ampliar os investimentos no combate à hepatite para que definitivamente deixe de ser uma ameaça à saúde pública. Desse modo, milhares de vidas serão preservadas e poderemos de fato ver os índices de hepatite caírem significativamente.
*Tiago A. Fonseca Nunes é médico e escritor