O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), esteve em Palmas/TO nesta sexta-feira, 2, para participar do Fórum dos Governadores da Amazônia Legal. Em sua passagem pela capital, Dino foi tietado pelo ex-prefeito da capital tocantinense, Carlos Amastha, que gravou um vídeo convidando o governador para se filiar ao PSB, para lançar candidatura à presidência da República em 2022.
Em uma coletiva de imprensa ao final do evento do qual participou, Flávio Dino conversou com o Conexão Tocantins. O governador comentou o convite de Amastha, falou sobre suas pretensões políticas e a respeito do atual governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Confira abaixo a entrevista.
CT - O Ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, o convidou para filiar-se ao partido dele, o PSB, e candidatar-se pela legenda à Presidência da República em 2022, como o senhor avalia esse convite?
Flávio Dino - É um convite sem dúvida honroso, porque o PSB é um partido importante para o Brasil, um partido histórico, assim como o meu partido, o PC do B. São partidos que têm uma longa vida em comum, durante décadas. Lideranças muito importantes fazem parte da história do PSB, a exemplo de Eduardo Campos e Miguel Arraes. Então é claro que é um partido que tem nosso respeito, minha admiração, minha estima, um partido companheiro. Mas no momento estou muito bem, muito confortável no PC do B, partido pelo qual fui eleito duas vezes governador do meu estado. Então não há, nesse momento, debate de mudança de partido, porque há tempo para discutir as alianças, para que tenhamos uma união em 2022. O princípio fundamental que tenho defendido é que o campo progressista, popular, nacional, democrático, mais à esquerda, compareça unido em 2022 para vencer as eleições.
CT - Independentemente do convite, o senhor pretende uma candidatura à Presidência em 2022?
FD - No atual momento não há uma reflexão definitiva sobre isso porque é muito cedo. Na verdade o que nós temos é uma sensação de desgoverno no Brasil. Quando essa pergunta é feita é porque é um reconhecimento de uma insuficiência, omissões do atual Governo Federal, de uma inaptidão para governar o país. É como se fosse uma espécie de envelhecimento precoce. E isso faz com que, em razão desse vazio, dessas confusões, se coloque tão cedo um debate que está ao mesmo tempo tão longe. A minha leitura política é que chegará o tempo. O que tenho procurado fazer é, de um lado, cumprir a minha missão principal de governar o Estado do Maranhão, e, de outro, mostrar os desacertos, os erros, para defender o Brasil, para que de fato nosso País não se perca em meio a um método errado de governar.
CT - Como ex-juiz, como o senhor avalia a atuação do também ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, na época da condução da Operação Lava Jato?
FD - Nós temos normas do Código de Processo Penal que definem como um juiz deve atuar. E uma das normas diz que um juiz jamais pode se vincular a uma das partes e aconselhar uma das partes. É uma causa de suspeição. E o mesmo código diz que uma sentença proferida por um juiz suspeito é uma sentença nula. Então o que temos sustentado é que o ex-presidente Lula tem direito a ser julgado de verdade. Não sei se ele será condenado ou absolvido, mas a questão é que até o presente momento ele não teve um julgamento justo. Por isso, se impõe legalmente que os tribunais anulem o que foi feito e recomece o processo, dessa vez com um juiz imparcial e isento. Porque lamentavelmente, o então juiz Sérgio Moro atuava junto com o Ministério Público e desprezava e atacava a defesa. Ou seja, ele não tinha aptidão, capacidade e postura para de fato ouvir ambas as partes e isso vicia esse processo, e eventualmente outros processos. Acho que o Supremo, com as decisões tomadas nesta semana, sinaliza nessa direção, de validação das provas que foram reveladas por jornalistas - notadamente o site The Intercept, mas não só – também a Folha (de São Paulo), Band, Veja e outros veículos e, com isso, com o reconhecimento do conteúdo desses diálogos, consequências vão ser emanadas desse reconhecimento.