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Opinião

Foto: Divulgação

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O irremediável momento onde sua existência corpórea não mais lhe agrada e, como tal, seu invólucro carnal já não mais comporta um espírito gigantesco e inquieto demais para aprisionar-se em um só ser. Nesse exato momento, trilha-se em uma linha tênue da existência, cuja qual a cada passo trilhado pende-se ao arrebento das fibras estruturais, nada mais há, não há uma luz no fim do túnel, o que efetivamente existe nada mais é senão o horizonte com suas cores esmaecidas que te chamam para uma profundeza onde a solidão te conforta mais que a companhia de seus pares, essa é a vida de quem sofre de depressão, e nós como os vemos? Nesse exato momento vislumbra-se um botão que põe fim em toda angustia e como um remédio mágico curara-te de todos os males: não há calor; não há tristeza; não há sofrimento; não há choro; não há solidão; não há escuridão e claridade... Enfim, fechou-se a cortina dessa peça humana chamada “minha existência”.

Perdemos mais uma colega dentre inúmeras outras que preferiram fechar as cortinas de suas existências. Cabe a nós o ônus da reflexão: Somos egoístas demais e nos fechamos nos nossos egoísmos, e como era de se esperar não nos compadecemos com o sofrimento do colega ao lado, que dia após dia se transforma, esmorece, entristece e se esconde atrás de uma máscara tristonha ou de um sorriso falseado.

E nós os rotulamos de introvertidos, antissociais ou mesmo preguiçosos. Vemos e ouvimos tudo, menos os gritos de socorro de nossos colegas. Muitos colegas do judiciário tocantinense estão nesse exato momento gritando e clamando por socorro, mas suas condições psíquicas aprisionam suas vozes em suas bocas e o que escapam são as lagrimas que escrevem socorro em seus rostos tristonhos. Quantos colegas mais tem que fecharem suas cortinas para que possamos encarar essa situação de assédio, pressão, desrespeito, preterimento, leniência com o agressor moral? Mais inda, quando teremos uma junta mais sensível aos pedidos dos colegas que clamam por socorro? Quando teremos administrações que se preocupam verdadeiramente com “o problema” e não apenas os ver como um dia para se pronunciar, com mensagens lindas que não encontram eco nas ações...?

A maioria das vezes os colegas depressivos são rotulados de preguiçosos e como tais são vítimas de falatórios e injustiças praticadas por colega ou chefes, afinal tem que produzir alucinadamente, pois há selos para ganhar, só que esses selos conduzem suas cartas não para campos verdejantes, mas para horizontes sombrios da inexistência. O fato é que somos insensíveis demais, somos egoístas demais para não ouvir um grito ensurdecedor que dia-a-dia ganha força ou passo que perde-a na mesma proporção, uma dualidade incompreensível dependendo da ótica, mas o certo que devido nosso egoísmo perdemos o senso de humanidade, e com efeito, deixamos de ouvir os gritos do silencio. 

*Fabrício Ferreira de Andrade é presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça no Tocantins (SINSJUSTO).