Em cada dez micro e pequenos empresários (MPEs) que atuam no varejo e setor de serviços, quatro (40%) pretendem investir em seus negócios nos próximos três meses. É o que aponta o Indicador de Demanda por Crédito e Investimento, calculado pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). Por outro lado, 37% não planejam fazer nenhum tipo de melhoria em sua empresa e 22% não sabem ainda se devem realizar investimentos.
Entre os que disseram que vão investir, 54% mencionaram que a finalidade será o aumento das vendas. Outros 35% buscam atender ao crescimento da demanda e 23% adaptar o negócio a uma nova tecnologia. Para isso, os recursos devem ser direcionados a compra de máquinas e equipamentos (30%), ampliação dos estoques (25%), divulgação em mídia e propaganda (21%) e reforma da empresa (19%). Quanto à origem dos investimentos, a maioria vai usar capital próprio, principalmente recursos guardados (56%), e 9% deve optar pela venda de algum bem. Enquanto 20% mencionam recorrer a empréstimos em banco ou financeiras.
Considerando os empresários que não pretendem investir, a maioria justifica dizendo que não vê necessidade (44%) ou relata a percepção de que o país ainda não saiu da crise (28%). Há ainda 26% de entrevistados que já investiram recentemente e aguardam retorno. Já 11% afirmaram não dispor de recursos ou mesmo de crédito.
Os dados também mostram que, em outubro, o Indicador de Propensão a Investir registrou 49,3 pontos — acima da marca alcançada em setembro, que foi de 45,6 pontos. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve um avanço de 7,7 pontos, quando chegou a 41,6 pontos. O índice varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo a 100, maior é demanda do empresário a investir nos próximos três meses.
Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a perspectiva de aceleração da atividade econômica deve criar um cenário ainda mais propício para os investimentos. “Dados do IBGE mostram que, apesar de ser um dos motores da lenta retomada, o investimento ainda se encontra em patamares baixos, representando algo em torno de 15% do PIB. Ainda existe bastante espaço para o investimento crescer, tão logo a capacidade ociosa seja eliminada. Quando isso começar a ocorrer, os juros baixos deverão contribuir”, explica Pellizzaro Junior.
Demanda por crédito
O Indicador de Demanda por Crédito do Micro e Pequeno Empresário registrou 24,5 pontos em outubro, acima do observado no mesmo mês do ano anterior, quando foi registrado 21,4 pontos. Em setembro, o indicador atingiu a marca de 22,9 pontos. O número varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo a 100, maior é demanda do empresário por crédito nos próximos três meses.
Em termos percentuais, sete em cada dez (70%) descartam a possibilidade de contratar crédito. Apenas 12% dos empresários afirmaram ter intenção de tomar crédito, enquanto 18% ainda não sabem. O fato de conseguir manter os negócios com recursos próprios é o principal motivo para aqueles que dizem não ter a intenção de contratar crédito (41%). Ainda há os que dizem que a empresa não tem necessidade no momento (37%), os que consideram as taxas de juros muito altas (29%) e os que temem não conseguir pagar as prestações (10%), além da insegurança com as condições econômicas do país (9%).
Já entre os que pretendem contratar crédito, 47% irão recorrer a empréstimos, 25% a financiamentos e 12% ao cartão de crédito empresarial. As principais finalidades pata tomada do crédito serão: compra de equipamentos e maquinários (31%), capital de giro (28%), ampliação do negócio (25%), aumento do estoque (23%) e reforma para melhorias da empresa (8%). Levando em conta a minoria de empresários que tomarão recursos emprestados, a média é de R$ 29.482,14 a serem contratados.
O indicador de demanda por crédito tem permanecido em baixo patamar e dá sinais de que a recuperação ainda não atingiu um bom ritmo. “Mesmo com a expectativa de melhora das condições econômicas do país, a demanda por crédito continua longe de alcançar o nível ideal para induzir o crescimento”, avalia o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.
A dificuldade de ter acesso ao crédito é uma barreira. Para 34% dos entrevistados, a contratação de empréstimos e financiamentos foi considerada difícil, ante 27% que acharam o processo fácil. Além desses, 20% afirmam não ser fácil ou difícil, enquanto 19% não souberam dizer por nunca terem contratado crédito. Entre os que consideram a tomada de crédito difícil, a maioria, 57% citou como razão o excesso de burocracia e exigências que os bancos fazem. Já 45% apontaram os juros elevados.