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Foto: Divulgação

Os pesquisadores doutor Expedito Cardoso, da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), e doutor Daniel Fragoso, da Embrapa - Arroz e Feijão, estão seguros de que o Tocantins caminha a passos largos para se tornar o segundo maior produtor de arroz do país. Atualmente o Estado ocupa a terceira posição, atrás apenas do Rio Grande do Sul, maior produtor, e de Santa Catarina. O assunto foi abordado durante painel virtual que abriu a programação da Feira Agrotecnológica do Tocantins (Agrotins) 2020 - 100% Digital nesta última quinta-feira, 28, segundo dia do evento, contando ainda com o lançamento da BRS A704, uma nova cultivar de arroz totalmente adaptada para plantio no Tocantins.

A nova variedade de arroz irrigado desenvolvida pela Unitins e Embrapa, a BRS A704, é apresentada como nova opção de cultivar para a região do Tocantins. A nova cultivar se destaca pela rusticidade, resistência a doenças, alto potencial produtivo, podendo alcançar até 13 toneladas por hectare e ótima qualidade dos grãos.   

Dados técnicos elaborados pela Embrapa dão conta a BRS A704 possui ciclo médio, tolerância ao acamamento e excelência em qualidade de grãos. A produtividade equipara-se às cultivares BRS Catiana e BRS Pampeira e é superior a BRS Tropical. Segundo os pesquisadores, a cultivar apresenta boa resistência às principais doenças registradas no Tocantins na rizicultura e também se destaca por ter uma base genética significativamente ampla, que contribuirá para a diversificação do mosaico de cultivares na região tropical, especialmente no Tocantins. Os dados apontam para uma maior sustentabilidade da cadeia produtiva em toda a região, principalmente para o manejo da principal doença da cultura, a brusone, uma vez que tal diversificação retarda a possibilidade de quebra de resistência das cultivares pela redução da pressão de seleção sobre as populações do patógeno.

“É uma variedade que foi finalizada na Estação de Pesquisa da Unitins em Formoso do Araguaia e testada em ensaios regionais aqui no Tocantins. Tem uma perspectiva muito boa de mercado já estando disponível para a produção de sementes, portanto é mais uma material que vem fazer parte desse rol de variedades à disposição dos produtores do Tocantins”, arremata Expedito Cardoso ao falar do processo de desenvolvimento da pesquisa.  

A produção da última safra alcançou 700 mil toneladas numa área plantada de 110 mil hectares e, segundo os pesquisadores, 90% do arroz cultivados no Tocantins são de variedades desenvolvidas por meio das pesquisas realizadas pela Unitins e Embrapa. O arroz responde pela terceira maior cadeira produtiva do agronegócio tocantinense, ficando atrás somente das cadeias produtivas da carne e da soja. Durante o painel virtual os pesquisadores destacaram, ainda, que o arroz irrigado nas várzeas do Araguaia é cultivado pelo sistema de rotação com a soja para produção de sementes na entressafra, além de culturas alternativas, como frutas, com destaque para melancia e melão.

O arroz produzido no Tocantins é de alta qualidade, classificado como padrão premium, bem aceito pelo mercado e pelos consumidores. O polo de produção está localizado na região Sudoeste do Estado, compreendendo os municípios de Formoso do Araguaia, Dueré, Lagoa da Confusão, Cristalândia e Pium, que concentram 80% da produção.

Os pesquisadores apontam os avanços na pesquisa como contribuição fundamental para o bom desempenho da cultura do arroz irrigado no coração do Brasil que, segundo eles, tem conseguido desenvolver novas cultivares adaptadas às condições edafoclimáticas da região, o que tem permitido um aumento da produtividade e expansão da área plantada. Daniel Fragoso ressaltou em sua fala que tudo passa pela pesquisa. “É através da pesquisa que temos criado inovações que dão sustentabilidade produtiva do arroz irrigado no Tocantins. O desenvolvimento de novas cultivares, com apoio do programa de melhoramento da Embrapa, nos últimos anos contribuiu para um aumento 30% da produtividade”, fundamenta.

O professor e pesquisador Expedito Cardoso lembra que, quando esse trabalho de pesquisa interinstitucional sobre rizicultura teve início, havia poucos materiais para a realidade do Tocantins. "Os produtores tinham que recorrer a cultivares desenvolvidas conforme condições climáticas do Sul do Brasil, o que implicava em enormes desafios de adaptação. Agora dispomos de muitos materiais e novas cultivares estão sendo desenvolvidas nos campos de experimentação. Para nós é gratificante ver que a pesquisa tem contribuído de forma decisiva neste desempenho, os números mostram isso", defende o pesquisador.

Os pesquisadores encerraram a exposição tecendo um paralelo entre passado, presente e futuro. “No passado o sistema era rudimentar. No presente tudo é mecanizado. No futuro é a agricultura 4.0, agricultura digital, tudo gerenciado por controle remoto, por GPS", conclui Daniel Fragoso, em tom de otimismo. “Nós que trabalhamos com ciência temos que antever o futuro e, ao ver a Agrotins sendo realizada de forma virtual, nos damos conta de que o futuro é agora. Estamos vivenciando o potencial que a tecnologia tem para promover avanços”, concluiu Expedito ao finalizar o painel.