O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) está finalizando neste mês as ações de prevenção contra incêndios nas áreas das Unidades de Conservação (UCs). Desde a semana passada, o alvo das ações que fazem parte do Manejo Integrado do Fogo (MIF) foi o Parque Estadual do Cantão (PEC). Brigadistas, guardas-parque e pilotos das embarcações fluviais, comandados pelo órgão ambiental, estão trabalhando na abertura de aceiros no interior do PEC, especialmente nas áreas de maior concentração de vegetação com alto potencial para gerar incêndios.
Segundo o gerente do Parque, Adailton Glória, que coordena o trabalho de queima controlada no local, antes de realizar a queima, é feito o mapeamento das áreas que receberão os aceiros, com base nas informações coletadas dos relatórios dos anos anteriores e também nas imagens de satélite coletadas pelo Centro Integrado de Inteligência e Monitoramento de Dados Espaciais Ambientais (Cimdea), do Naturatins.
“Essas áreas são escolhidas por serem as que possuem vegetação rasteira e densa e que se torna altamente combustível no final da estação seca, quando o clima fica mais quente e seco no Tocantins”, explicou o gerente, complementando que os brigadistas têm treinamento especial para realizarem a ação e utilizam todos os equipamentos de segurança necessários.
Glória explica ainda que esse trabalho não pode ser realizado no final da estação seca porque a vegetação já estará completamente seca, tornando o fogo praticamente impossível de ser controlado podendo adentrar as matas, o que o manejo vem buscando evitar.
O diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Naturatins, Warley Carlos Rodrigues, reforça que o cronograma de queimadas prescritas e aceiros negros está em execução desde o último mês de abril. “É um trabalho técnico e planejado, que leva em conta inclusive dados meteorológicos que apontam até mesmo o melhor horário do dia para realizar as queimas com maior segurança para se atingir o objetivo de manejo”, relatou o diretor.
Rodrigues informa também que as atividades de MIF, adotadas pelo Naturatins e seus parceiros na prevenção de incêndios, está dando resultados satisfatórios ano após ano. “Em todas as unidades de conservação do Estado foram realizadas ações semelhantes, com a redução de vegetação combustível e isso, além de reduzir os riscos de incêndios, também ajuda a preservar a vegetação nativa das unidades”, elencou.
O presidente do Naturatins, Sebastião Albuquerque, lembra que as ações preventivas realizadas pelo Instituto e seus parceiros fazem parte do Plano de Ação de Combate aos Incêndios Florestais no Tocantins, previsto para este ano. O Plano é o resultado do trabalho comandado pelo Comitê do Fogo, que tem a participação de vários órgãos e entidades, sendo coordenado pela Defesa Civil. O Plano é guiado por três nortes: conscientização, prevenção e fiscalização.
O trabalho é conscientização é realizado durante todo o ano, quando a população é alertada sobre os prejuízos causados por queimadas ilegais e incêndios. A prevenção está sendo executada desde abril por meio das ações do MIF. “E a partir da segunda quinzena de julho, os esforços serão concentrados na fiscalização e monitoramento, especificamente das áreas tradicionalmente mais atingidas por incêndios acidentais ou criminosos, para que as ações de combate, quando necessárias, sejam mais efetivas”, completou o presidente.
Rodovias
Os aceiros negros são ações do Comitê do Fogo e estão sendo aplicados na TO - 020 como projeto piloto, e também nas demais rodovias. Toda a ação tem o acompanhamento dos brigadistas para aplicação. Fora isso é crime.
Desde abril, o Naturatins, por meio das gestões das unidades de conservação com apoio dos brigadistas, realizou queimas prescritas nas margens das rodovias estaduais que estão na abrangência da Área de Proteção Ambiental (APA) Lago de Palmas.
Sebastião Albuquerque resume que o cronograma de queima foi elaborado pelo Instituto para garantir a proteção de todas as unidades de conservação do Estado. “Essas ações constroem uma barreira de proteção, que previne a degradação do meio ambiente, especialmente nas áreas de reserva, cabeceiras de nascentes e córregos”, reforçou.
Albuquerque reforça que a ação preventiva nas rodovias realizada pelo Comitê do Fogo, os chamados aceiros negros, é um projeto piloto e dependendo dos resultados apresentados, poderá ser aplicada no próximo ano nas margens de outras rodovias do Estado. “Os aceiros negros são realizados com acompanhamento dos brigadistas, coordenados pelo Comitê do Fogo e qualquer iniciativa neste sentido que não seja autorizada pelo Comitê é crime”, ressaltou o presidente do Naturatins.
Aceiro negro é o nome dado à prática de abrir uma faixa de terra para queimar em volta, evitando que um foco de incêndio iniciado do lado de fora atinja o interior da área que se quer proteger. Ou seja, o fogo é usado de maneira programada, em faixas que fazem limite com as áreas ambientais para criar uma barreira que evita a propagação das chamas nos meses mais secos.
Já a queima prescrita (ou queimada controlada) é quando o fogo é usado intencionalmente e sob supervisão para fragmentar a vegetação, dificultando a propagação dos incêndios que causam grandes danos ambientais e prejuízos econômicos.
Outras unidades
O supervisor de Gestão da APA Lago de Palmas, Abel Cardoso de Andrade, explica que foram realizadas ações preventivas contra incêndios na área da APA desde o mês de abril. O trabalho contou com a ajuda dos proprietários de terras da região, responsáveis pelas atividades realizadas dentro de suas propriedades.
A área do Terminal Multimodal de Porto Nacional, localizado no distrito de Luzimangues, também fez parte do cronograma de ações preventivas contra incêndios executado pelo Naturatins. O Terminal é um importante interposto da ferrovia Norte/Sul, que recebe todo o combustível que é consumido no estado do Tocantins. Além disso, também é utilizado para escoar a produção de grãos da região Centro-Sul do Estado. Dada a sua importância econômica para o Tocantins, a área do Terminal recebe atenção especial do Naturatins quando da elaboração do calendário de ações de prevenção contra incêndios.
As atividades de prevenção contra incêndio no período de estiagem, segundo os conceitos do Manejo Integrado do Fogo (MIF) no Parque Estadual do Jalapão (PEJ) também tiveram início em abril, com visitas às comunidades Mumbuca, Carrapato e Boa Esperança. Em seguida, foram realizadas ações de manutenção nas Dunas e nas estruturas da sede do Parque.
Ainda em abril, foram realizadas rondas para mapeamento de áreas a serem queimadas e queimas na região das Dunas e em vereda próxima ao PEJ, bem como abertos aceiros de proteção em propriedades rurais da região. Também houve queima controlada na Serra do Espírito Santo e nas estruturas do atrativo Cachoeira da Velha.
Na Área de Proteção Serra do Lajeado desde o início de maio estão sendo realizadas atividades no sentido de garantir a manutenção dos equipamentos da APASL. Foram abertos aceiros em propriedades rurais localizados na abrangência da Área. Paralelamente, no Parque Estadual do Lajeado (PEL), foi realizada roçagem das margens da TO-020, do km 32 ao 36.
A última unidade a iniciar as ações do Manejo Integrado do Fogo foi a área do Monumento Natural das Árvores Fossilizadas (Monaf), no município de Filadélfia. Isso porque até o final de maio ainda havia registro de chuvas na região e a vegetação estava muito verde.
