A presidente do Sindicato dos Médicos no Tocantins (Simed-TO), Janice Painkow, expôs a situação de fragilidade a que os profissionais da saúde estão expostos no enfrentamento da Covid-19 no Tocantins, durante audiência da Comissão Especial da Bancada Federal sobre ações de enfrentamento no covid-19 no Estado, coordenada pela senadora Kátia Abreu (PP-TO) na tarde dessa segunda-feira, 20.
A audiência online contou com a participação do ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta e também representantes do Conselho Regional e Enfermagem (Coren), do Tribunal de Contas (TCE) e do Ministério Público Estadual (MPE), entre outros.
Janice Painkow explicou que a situação do Tocantins, com número de casos cada vez crescente dos casos foi motivo de constantes comunicações à Secretaria da Saúde (SES) que não quis ouvir as categorias da saúde, especialmente, na questão da testagem dos profissionais e na justa indenização aos médicos que estão na linha de frente do combate ao coronavírus.
“Nós solicitamos várias vezes a testagem de profissionais, mas a secretaria não efetivou a testagem dos profissionais. O Simed chegou a entrar na Justiça pedindo a testagem de profissionais, infelizmente o pedido foi negado pelo juiz que justificou que seria um gasto a mais para a secretaria em meio à pandemia”, disse a médica.
Janice também relatou o cenário nos hospitais públicos. “Hoje nós temos colegas na UTI e estão contaminados e trabalham sem saber que estão sem contaminados em HRA maior índice. Temos contratos de profissionais que não foram treinados, mas foram contratados pela Secretaria da Saúde e jogados. Infelizmente a realidade nossa é esta com número crescente dessa forma casos pelo descaso e sofrimento pelos profissionais de saúde.” O Tocantins tem 700 servidores da saúde entre os mais de 1.100 profissionais da saúde infectados pelo novo coronavírus e para a presidente esse é um número muito alto.
Janice também criticou a falta de transparência do governo na aprovação e implementação da indenização aos profissionais que estão arriscando a vida no atendimento aos doentes. “Tivemos uma medida provisória do governo aonde ela traz um crédito para os profissionais, mas não fala quem são os profissionais que atende exclusivamente no covidário. Como ficam os profissionais que fazem a triagem, do atendente a quem cuida do paciente doente. Essa é a pergunta que a gente faz, mas a secretaria da Saúde não nos responde”, criticou.
Outro ponto importante na fala da presidente do Simed-TO é sobre a falha no protocolo de atendimento à população da capital. “Em relação ao atendimento aos pacientes o paciente sai da UPA, de lá é encaminhado ao posto de saúde próximo à casa dele, ele faz o trajeto para casa, retorna depois desse atendimento para a UPA, por não conseguir atendimento no posto de saúde, depois dias fica em observação, não faz em teste, recebe uma receita e tem de perambular de farmácia em farmácia, para ver se encontra os medicamentos em falta e não vai encontrar, então ele já andou em todas as farmácias sujeito à contaminação. O fluxo desse paciente está sendo muito equivocado não estão observando isso e vai acontecer mais casos crescentes”.
A senadora fez uma pergunta sobre o quantitativo de leitos se os médicos consideram suficientes. Para a presidente do Simed-TO, não são suficientes e é uma realidade que vem sendo alertada há muito tempo pela categoria médica. “O pico está aumentando e a gente vê os decretos que liberam [o comércio] os órgãos públicos estão liberando a abertura de todos os lugares”, afirmou, ao apontar a necessidade de ter mais leitos de UTI.