O Tocantins registrou em um único dia, 243 focos de incêndios. O fato foi registrado ontem, dia 1º de setembro. A informação é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No ano passado, neste mesmo dia, foram 36 focos registrados. O instituto, no entanto, não recomenda comparações diárias, mas apenas o total mensal.
Ao longo de todo o ano, o estado já acumula 5.436 focos de queimadas, sendo um dos estados mais afetados pelo problema ambiental. A frente do Tocantins estão os estados do Mato Grosso (19.793); Pará (14.624); Amazonas (10.645); Mato Grosso do Sul (6.577); e Maranhão (5.808).
Até o momento, o mês de agosto foi o de maior registro de queimadas no ano no Tocantins. Dos mais de 5 mil focos, 1.714 foram registrados somente no mês passado, o que equivale a 31,56% dos casos em todo o ano.
Áreas de proteção
O Cerrado, que abrange todo o Tocantins, é um dos biomas do Brasil mais ameaçados pelo fogo, com 27,1% de sua área afetada. A Amazônia aparece em primeiro lugar, com 47,8% de seu território destruído.
De acordo com os dados coletados pelo satélite do Inpe, somente nas últimas 24 horas, 8 estados registraram queimadas em áreas de proteção ambiental. A maioria nas regiões da Amazônia e Cerrado. O Tocantins está entre eles com, pelo menos, 4 reservas afetadas somente neste 1º de setembro.
Os demais estados com o mesmo problema são Maranhão (14); Rondônia (7); Pará (5); Mato Grosso (3); Bahia (2); Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Piauí, com 1 reserva afetada em cada um desses últimos; totalizando 43 áreas de proteção afetadas em todo o país no dia de ontem.
Das 4 áreas de proteção no Tocantins afetadas pelo fogo neste início de mês, 3 são reservas indígenas e 1 parque estadual - a Apa da Ilha do Bananal/ Cantão.
Dentre todas as 43 áreas de proteção com problemas de queimadas, a reserva indígena Krahô, localizada nos municípios de Goiatins e Itacajá, na região norte do estado, foi a mais afetada com 23 focos de incêndios registrados pelo satélite.
Aparecem ainda as reservas indígenas do Parque do Araguaia, uma das principais do país, com mais de 1,3 mil hectares, abrigando 4 povos indígenas, com uma população total de 3,5 mil pessoas. A reserva contabilizou, segundo os dados do Inpe, 10 grandes focos de incêndio ontem. A terra do povo xerente, em Tocantínia, na região central do estado, é mais uma das reservas afetadas, com 2 focos registrados nas últimas 24 horas.
Já a área de proteção da Ilha do Bananal/Cantão, na divisa com a região sul do Pará, registrou neste 1º de setembro, 8 focos de queimadas. A região é uma das principais reservas ambientais do país.
Risco de incêndios
Para agravar a situação, o Inpe prevê nível crítico de novas queimadas no Tocantins para hoje, 2 de setembro, e também para os próximos 3 dias. Não há previsão de chuvas para nenhuma região do estado.
Combate
Recentemente, atendendo a um pedido feito pelo Governo do Estado, a União autorizou o uso das Forças Armadas no combate aos incêndios no Tocantins e em mais 5 estados.
Entretanto, até o momento, não há informações de que esse efetivo tenha começado a atuar no estado. O Conexão Tocantins questionou tanto o Ministério da Defesa, quanto o Governo do Tocantins a respeito, mas não obtivemos resposta.
Por outro lado, há poucos dias, no final de agosto, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) anunciou a suspensão das operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e ações contra as queimadas na região do Pantanal, com um corte de R$ 60,7 milhões.
A péssima repercussão da medida fez com que o próprio Governo Federal voltasse atrás e anunciasse o desbloqueio da verba, informando que as ações de combate ao desmatamento e queimadas continuariam normalmente.
