Moradores de Araguacema/TO, a cerca de 290 km de Palmas, realizam nesta quarta-feira, 13, uma manifestação em apoio à dona de casa Irene Almeida Chaves, vítima de uma tentativa de feminicídio no início deste mês. O caso causou comoção na população local.
O relato a seguir contém descrições de violência contra a mulher e pode ser considerado sensível para pessoas que sofreram situações de abuso ou agressão. Caso você seja vítima de violência doméstica, ou tenha testemunhado casos de agressão contra mulheres, denuncie no telefone 180. As ligações são anônimas.
Morando na cidade há cerca de 4 meses, Irene foi vítima no dia 3 de janeiro de uma tentativa de homicídio. O suspeito é o ex-companheiro com quem a dona de casa viveu uma relação estável por cerca de 11 anos.
De acordo com a vítima, na noite do dia 3 o ex-companheiro a espancou com murros e pontapés, depois a levou para um matagal onde tentou matá-la. Ele teria disparado três vezes. Dois tiros falharam, mas o terceiro atingiu a cabeça da vítima.
Mesmo ferida, Irene conseguiu fugir pela mata, mas foi perseguida pelo agressor que ameaçava, segundo ela: “terminar o serviço com um facão”. Na mata, para conseguir fugir ela dividiu o sutiã ao meio para improvisar proteções para os pés. Por fim, a vítima conseguiu chegar até uma estrada vicinal onde foi socorrida por um casal que a levou até um vilarejo próximo. O agressor conseguiu chegar até o local onde procurou por Irene, mas não a localizou porque a vítima foi escondida pelos moradores enquanto aguardava a chegada de socorro.
Irene foi levada para o Hospital de Araguacema e posteriormente encaminhada ao Hospital Regional de Paraíso. Ela apresentava ferimentos na cabeça, hematomas no olho, abdômen e pernas, além de escoriações por todo o corpo causadas durante a fuga pela mata.
A vítima relata que este não foi o primeiro episódio de agressão que sofreu por parte do ex-companheiro que possuiria passagem pela polícia e condenações pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul. Segundo ela, a violência física e psicológica ocorria há vários anos. Em uma das ocasiões, após espancá-la, o agressor teria feito a vítima cavar a própria cova ameaçando matá-la a machadadas. Ainda segundo Irene, o homem mantinha relação estável com ela e uma outra mulher, obrigando ambas a conviverem com ele na mesma casa durante anos.
A Polícia Militar tentou localizar o suspeito, mas não o encontrou. Dias depois, o agressor se apresentou à Polícia Civil para prestar depoimento e negou a autoria do crime, alegando que a vítima tinha problemas psiquiátricos. Ele continua em liberdade.
A Polícia Civil informou que um Inquérito Policial foi instaurado para investigar o caso. “Informações mais detalhadas não podem ser repassadas em conformidade com o caráter sigiloso do Inquérito Policial e para não prejudicar as investigações nesse momento”, informou a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) em nota.
Atualmente Irene possui Medida Protetiva de Urgência em seu favor e aguarda avaliação médica para saber se será submetida a uma cirurgia para retirada de projéteis de chumbo que ficaram alojados em sua cabeça.