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Meio Ambiente

Foto: Divulgação

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Foi publicada em artigo científico no periódico científico Neotropical Ichthyology, no início deste mês a descoberta de duas novas espécies encontradas na bacia do alto rio Tocantins. A pesquisa foi realizada por um grupo de pesquisadores do Departamento de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais da Universidade Estadual de Maringá, em toda extensão do alto rio Tocantins e tem entre seus integrantes, o doutor em Limnologia e biólogo Oscar Barroso Vitorino Júnior da Gerência de Unidades de Conservação da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins).

As espécies reveladas na pesquisa foram atribuídas ao gênero Knodus e as análises que as diferenciaram de outras espécies foram realizadas através de características morfológicas, como o número de cúspides nos dentes, o número de séries de escamas entre a origem da nadadeira dorsal e a linha lateral, o diâmetro da órbita ocular e a altura e profundidade do corpo.

“A família Characidae que compreende os lambaris e piabas é uma das famílias mais ricas em espécies de peixes do mundo. Para se ter uma ideia, em um trecho do rio Tocantins, como o da UHE Lajeado, existem dezenas de espécies desta família, que embora parecidas ou até mesmo idênticas ao olho da maioria das pessoas, as análises de laboratório permitem afirmar, que são espécies diferentes, quando comparadas as dentições e outras características dos ossos do corpo dos peixes”, afirma Gabriel Deprá, pesquisador da Universidade Estadual de Maringá.

Os pesquisadores batizaram as espécies em homenagem à Fundação Rufford, da Inglaterra, uma importante financiadora de trabalhos de pesquisa e conservação, no mundo todo, e que custeou a execução deste projeto. Além desta espécie Knodus rufford, no trabalho também foi batizada a espécie Knodus obolus, e a escolha do segundo nome é uma referência à bacia do rio das Almas, importante tributário do alto rio Tocantins, onde a espécie foi originalmente conhecida.

“Com as duas novas espécies, o número de peixes endêmicos da bacia do alto rio Tocantins (montante da foz do rio Paranã) sobe para 53 e essa soma atinge 89 espécies endêmicas até a confluência com o rio Araguaia. Além disso, nesse estudo descrevemos um novo método mais informativo e preciso para contagem de vértebras, o que aumenta a eficácia, em comparações de espécies”, destaca Oscar Vitorino, doutor em Limnologia e biólogo do Naturatins.

Em relação ao trabalho, o pesquisador enfatiza que “a elevada diversidade de peixes ainda por conhecer revela a dimensão do patrimônio biológico que os estados de Goiás e Tocantins abrigam em seus rios e o potencial que estas podem representar economicamente, na área da saúde, e outras aplicações”, realça o biólogo.

“A descoberta de novas espécies no Tocantins nos oferece informações que contribuem com a gestão da conservação e preservação da biodiversidade do Estado. É o conjunto de dados sobre as riquezas naturais, a fauna, flora e do comportamento de todo ecossistema em relação à presença humana, que norteia nossas ações. As universidades e instituições de pesquisa desenvolvem um trabalho sério e assinado por especialistas comprometidos com os resultados. Incentivar a formação de redes de tecnológicas e a produção de conhecimento colabora com desenvolvimento do Estado e de múltiplos segmentos econômicos”, avalia Renato Jayme, presidente do Naturatins.

O artigo foi submetido ao periódico Neotropical Ichthyology, no idioma inglês, em outubro de 2020 e publicado no dia 8 de março deste ano. O acesso a versão publicada no repositório da SBI também está disponível para consulta, no item Publicações Acadêmicas do site do Naturatins através do link http://bit.ly/3ltZCZU.

Pesquisadores

A pesquisa foi composta pelos doutores Gabriel de Carvalho Deprá, Renata Rúbia Ota e Oscar Barroso Vitorino Júnior do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais da Universidade Estadual de Maringá e Katiane Mara Ferreira do Departamento de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso.