O pontapé inicial das ações práticas previstas pelo Plano de Ação do Comitê Estadual do Fogo já tem data para ser dado: é terça-feira, 27. A definição ocorreu nesta manhã, 19, durante encontro remoto que contou com a participação de representantes da Defesa Civil Estadual, da Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto), do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e da Secretaria da Comunicação (Secom). Na reunião, definiu-se que os trechos das rodovias TO – 050, entre Palmas e Lajeado, TO – 020, entre Palmas e Aparecida do Rio Negro, e TO – 030, entre Taquaralto e Taquaruçu vão receber a iniciativa, que conta ainda com apoio da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).
A ideia piloto foi lançada ano passado e, por meio de fogo controlado e roçagem das margens das rodovias com uso de máquinas, acaba-se com a massa seca de mato existente no local, evitando um incêndio de grandes proporções e destruição das plantações, pastagens, animais domésticos, bichos do mato e até do Parque Estadual do Lajeado e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Lajeado. Esse tipo de episódio tem sido constante ao longo dos anos, sendo que as ações conjuntas, buscam uma mudança desse cenário.
“Ao executar o Plano Piloto de Aceiro Negro ano passado, no entorno de Palmas, percebemos que foi muito válido. E a ideia agora é ampliar essa ação e assim proteger uma área muito maior”, destacou o Tenente-Coronel Erisvaldo Alves, Superintendente da Defesa Civil Estadual.
O plano dos parceiros não é executar tudo sozinho, mas estimular os proprietários rurais a realizarem o manejo integrado do fogo nas suas terras, desde que devidamente autorizado pelo órgão ambiental. Sendo que o Naturatins está desenvolvendo uma solicitação simplificada para esse fim. O presidente do Instituto, Renato Jayme, acompanhou a reunião.
“Entendemos que a população pode somar nesse esforço, seguindo as normas legais que o Naturatins exige. Vamos tentar sensibilizar o produtor rural para que ele faça essa ação na margem da rodovia, próxima às suas áreas. A gente entende que isso ajuda a diminuir os incêndios e as queimadas ilegais na época mais preocupante, em agosto e setembro, quando é proibida toda e qualquer queima”, frisou o Tenente-Coronel.
Ao todo, o Comitê Estadual do Fogo conta com 32 parceiros. Na próxima semana às máquinas da Ageto, iniciarão a roçagem ao longo das rodovias TO – 020, entre Palmas e Aparecida do Rio Negro, e TO – 030, entre Taquaralto e Taquaruçu, de forma simultânea.
Tragédia anual
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), avalia o Projeto Aceiro Negro como uma das ações mais importantes desse período, pela antecipação na prevenção às queimadas que ele promove em Palmas.
“Na posição que a gente vai trabalhar, isso é importante porque a gente tem a Serra do Lajeado, e quando o fogo ganha a subida da serra é muito difícil o combate. Isso não acontece agora, com o Aceiro Negro, e por isso realizamos a ação no período em que temos temperaturas amenas e altíssima umidade. É a época perfeita”, avaliou Warley Rocha, diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Naturatins.
Warley afirma que os aceiros negros, que abrangem aproximadamente 10 metros das margens das rodovias, evitam uma grande tragédia, livrando fauna e flora do fogo, tão comum a partir de agosto.
“Nossa preocupação é com a fauna pequena, principalmente Tamanduá, Tamanduá Bandeira, Tamanduá Mirim, Raposas, Tatus, Pacas e répteis que se deslocam com mais dificuldade frente aos grandes incêndios. E quando a gente fala da flora, praticamente todo nosso esforço gira em torno da proteção de água, ou seja, naquela região (APA e Parque do Lajeado) tem muitas nascentes, sobretudo em Taquaruçu”, conta Warley.
“São espécies que estão na mata ciliar, que fornecem proteção aos corpos hídricos, além de espécies do campo, como ipê, cega machado, jatobá, sucupira. Nossa preocupação é que essas espécies não sejam agredidas com os incêndios severos e de altas intensidades. Apesar de o cerrado ser resiliente, essas espécies têm dificuldade em se adaptar depois que passam por incêndios agressivos”, completou.
Os proprietários de terras nas margens das rodovias podem se antecipar e eles mesmos fazerem o aceiro negro, porém, antes, precisam preencher um formulário no Sistema de Gestão Ambiental, e emitir uma autorização direto no site do Naturatins. A SECOM irá colaborar com campanha publicitária orientando os produtores rurais sobre o tema.