Lidar com a investigação após a morte é a missão diária deles. Há quem diga que não escolheria a profissão, mas quem nasceu com o dom de Agente de Necrotomia correndo nas veias vislumbra o cargo como um universo de aprendizados e valorização à vida. As atribuições da função estão voltadas ao apoio direto aos Peritos Oficiais (médicos legistas) em necropsia, exumação para exame cadavérico, remoção, inumação de cadáver, registros das ocorrências em livros próprios, coletar provas, entre outras ocupações.
Para exemplificar melhor e você entender o que fazem os Agentes de Necrotomia podemos citar o seguinte exemplo: Em uma cena de crime envolvendo morte, após a Polícia Civil ser acionada para dar início às investigações, os Agentes de Necrotomia atuam desde o momento da retirada do corpo até toda a parte investigativa para desvendar as causas que levaram o indivíduo a óbito, o que significa participação na abertura e análise do cadáver e outros procedimentos.
O que é preciso pra ser um Agente de Necrotomia?
No Tocantins, a função de Agente de Necrotomia é prevista na Lei nº 3.461, de 25 de abril de 2019 que dispõe sobre o Estatuto dos Servidores da Polícia Civil do Estado do Tocantins. Mas antes desta nomenclatura, o cargo era denominado Auxiliar de Autópsia e a mudança veio como uma forma de modernizar a profissão a partir da determinação da Lei nº 2.808, de 12 de dezembro de 2013.
Para investidura no cargo de Agente de Necrotomia é necessário ter curso superior em Enfermagem e a aprovação no curso técnico profissional e todas as atribuições da função são determinadas pela Lei 1.545, de 30 de dezembro de 2004.
Experiências na profissão
Efetivo no quadro da Polícia Civil do Tocantins desde setembro de 2003, o Agente de Necrotomia, e hoje Chefe do 5º Núcleo Regional de Medicina Legal (NRML) de Paraíso do Tocantins, Rondinelly de Sousa Pimenta, carrega uma trajetória de muito aprendizado e admiração pela profissão.
No início da carreira profissional, Rondinelly começou em Palmas lotado no Núcleo Especializado de Medicina Legal (IML) e permaneceu até 2011, em seguida passou a atuar em Paraíso onde trabalha desde então. Ao relembrar os momentos marcantes na vida profissional, ele afirma que cada procedimento tem sua excepcionalidade, considerando as peculiaridades do ocorrido, bem como os envolvidos. “Sempre é muito recompensador no momento em que conseguimos dar celeridade no processo, trazendo para família e envolvidos segurança no resultado, maior conforto e menos dor”, disse, acrescentando ainda que a Polícia Civil atualmente possui um prestígio popular de relevância no Estado, consequência do comprometimento dos policiais em seus mais diversos setores de atuação, cooperando de forma significativa para a ordem jurídica e o bom desenvolvimento judiciário.
Ao falar sobre a escolha da profissão, Rondinelly não tem dúvidas de que valeu à pena ter optado pelo cargo. “Tenho por característica pessoal o prazer em servir a atuação como Agente de Necrotomia, respondendo pela Chefia do 5º NRML – Paraíso, só corrobora com essa disposição, pois o atendimento final das minhas prerrogativas é a sociedade que, por vezes, está em momento de dor, assim sendo, exerço com alegria as minhas funções”, conclui Rondinelly.
Valor à vida e às pessoas
Tatiane Moreira Calixto também é Agente de Necrotomia, lotada no 7º NRML de Gurupi, desde junho de 2017 quando ingressou no quadro da Polícia Civil. Segundo ela, o fator motivacional para a escolha da profissão foi a admiração que sempre teve pela carreira policial e por se tratar de uma função que tinha maior relação com a sua formação profissional que é Enfermagem.
Para Tatiane muitas são as experiências adquiridas no cargo. “Não se trata de uma profissão fácil! Lidamos com tragédias, mortes, situações que nos chocam de alguma maneira, e, de determinada forma, isso me ensinou a dar ainda mais valor à vida e às pessoas que me cercam. Além disso, pude perceber o quanto é importante servir ao público buscando o interesse coletivo, agindo com seriedade, profissionalismo e imparcialidade”, enfatiza.
A profissional relatou ainda que apesar de algumas dificuldades, o apreço pelo cargo prevalece. “O que eu mais admiro é o fato de poder contribuir para a elucidação de crimes, prestando auxílio em perícias médico legais, utilizando o conhecimento técnico e científico a fim de produzir provas que serão utilizadas em inquéritos policiais, tornando possível o esclarecimento de fatos de interesse da Justiça, buscando a verdade e, com isso, uma sentença justa”, finaliza Tatiane.
A presidente do SINPOL-TO, Suzi Francisca, explica o quão necessário é o trabalho que os profissionais desempenham. “O papel dos Agentes de Necrotomia é fundamental para a busca da causa da morte e das provas que ensejarão a resolução dos crimes. Quero parabenizar todos esses profissionais pela forma brilhante que atuam, com comprometimento e seriedade, fatores essenciais para a atuação da Polícia Civil do Tocantins”, destaca Suzi.