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Cultura

Artistas Douglas Jacinto e Fábio Henrique

Artistas Douglas Jacinto e Fábio Henrique Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Artistas Douglas Jacinto e Fábio Henrique Artistas Douglas Jacinto e Fábio Henrique

 A dupla de muralistas do coletivo MOSS retomam o projeto 'Lugar de Arte é na Rua' neste fim de semana. Dessa vez, a pintura acontece em uma praça linear da quadra 204 Sul. A projeção do desenho na parede já começa na sexta, 23. O espaço desta vez é um dos maiores do projeto em comprimento e começa a receber as tintas coloridas no sábado, 24.

Segundo Douglas Jacinto, muralista e arquiteto e urbanista que integra o coletivo, o mural tem um significado pessoal para ele. A ilustração é fruto de uma memória de infância. "O desenho retoma uma fase da minha vida de quando morei na zona rural e pescava com meu pai e convivia com as crianças indígenas e quilombolas da região. Foi uma das experiências mais enriquecedoras relacionadas à cultura que tive. Absorvi esse conhecimento no interior do Tocantins e quando eu estava no processo de criação das ilustrações, tive esse insight e foi tudo muito significativo", conta.

O mural vai receber o desenho de um rosto de uma mulher em um horizonte onde uma criança se aproxima. A inspiração veio também de uma lenda da protetora das crianças do rio que Douglas ouviu falar quando em Caseara perto do Cantão. "Decidi trazer essa experiência que é minha, mas dentro de uma história coletiva de um lugar onde fiz parte na infância".  Entre as influências no processo criativo do desenho estão também a cantora Beyoncé, a banda Velvet Underground e o pintor Andy Warhol.

"Estava ouvindo muito Velvet Underground e Beyoncé e eu precisava de um rosto feminino e marcante para colocar no material e o rosto da moça que aparece no desenho foi baseado nas silhuetas do rosto dela. Acho que ela tem essa energia da força da mulher, um ser intocável no mundo, no pop. Tenho referências do Andy Warhol, da arte hiper colorida e trago o pop que se mistura junto às cores que a gente trabalha. É um mural bastante cheio de referências próprias, que é o mais legal. Porque a gente tem que se reconhecer naquilo e não só fazer uma ilustração aleatória. O doido da arte é você pirar num universo imaginário, onde nada faz sentido e você pode misturar tudo que você estava consumindo culturalmente, musicalmente que são muito íntimas para você como uma história e vivência, que faz daquilo uma coisa fantasiosa. O mural traz um pouco disso e eu estou muito orgulhoso de estar colocando isso em prática", pontua.

As expectativas para a pintura estão altas. Fábio Henrique, produtor cultural e muralista que integra a dupla do MOSS, conta que, com o início do projeto e por conta da divulgação nas redes sociais, veio o interesse de amigos e outros artistas em participar da pintura. Nesse mural, a ideia é convidar crianças e moradores do prédio ao lado para ajudar no processo, tornando-o mais colaborativo possível.

"Quando a gente começou a divulgar o primeiro, a galera começou a perguntar se podia participar e a gente tá bastante esperançoso com essa participação. O pessoal do edifício ao lado, quando fomos procurar para apresentar a proposta, pediu para participar, especialmente para a gente envolver as crianças. Como esse mural é bem maior, então vai ser bom ter a participação das pessoas, para dar essa força pra gente, sentir essa troca de poder pintar com outras pessoas, mostrar um pouco do processo, que é possível e fácil de fazer. As pessoas olham o muralismo como se fosse uma coisa  muito difícil, mas na real é muito simples. Queremos trazer um pouco dessa experiência para a galera", explica.

Fábio ressalta que toda a participação das pessoas durante o processo de pintura vai seguir as normas impostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como distanciamento social e uso de máscaras. 

"Esse deve demorar dois fins de semana para ser finalizado, por conta do tamanho. Mesmo acreditando que vai ter a colaboração do pessoal, amigos e outras pessoas, não vai ser tão rápido. Então a participação popular vai ser importante. Tudo vai seguir de acordo com as normas de segurança de recomendação de saúde em relação ao COVID. Vamos adquirir máscaras para o pessoal e mais material para dar suporte nisso.

O 'Lugar de Arte é na Rua' busca transformação social por meio da arte. Com galerias e museus fechados ou com visitação limitada por conta da pandemia, o coletivo quer ocupar espaços brancos e vazios e transmutar a rotina estressante e agitada da Capital. A iniciativa vai pintar murais que vão ocupar, além da UFT e a praça da 21, o Espaço Cultural, o Parque dos Povos Indígenas, uma parede próxima ao Hospital Geral de Palmas (HGP). Cada um deles terá uma temática específica e um processo próprio e individual de desenvolvimento e pesquisa. Para a escolha dos locais foi levado em conta a logística, pontos de apoio, visibilidade, relevância e impacto social.

MOSS

O coletivo MOSS é composto pelos amigos, Douglas e Fábio Henrique. Douglas é Arquiteto e Urbanista e Designer, formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFT. Iniciou sua trajetória no muralismo junto com Fábio que também atua como produtor cultural e é estudante de Arquitetura e Urbanismo.

A dupla trabalhou junto durante 5 anos na criação das artes gráficas para a produtora de música Árvore Seca, e, em 2018 decidiram se arriscar no muralismo, motivados pela vontade de levar a arte para além do ambiente digital. O primeiro mural foi feito no antigo Mujica Bar. O MOSS ainda foi responsável pelo mural na fachada do Wings BrewPub, pintado em 2018, e outro na parede do prédio da Rádio UFT, em 2019.

Aldir Blanc

Em 2020 o projeto 'Lugar de Arte é na Rua' foi contemplado pela Lei Aldir Blanc, da Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc) e Governo Federal - Ministério do Turismo - Secretaria Especial de Cultura e Fundo Nacional de Cultura.